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Na empresa Movva, os chamados ‘nudgebots’ usam inteligência artificial para enviar lembretes focados em construir novos comportamentos nas pessoas, como para prevenir inadimplência
Quando foi anunciado, em 2017, que o Prêmio Nobel de Economia seria destinado a Richard Thaler — economista norte-americano, considerado um estudioso pioneiro em unir a economia à psicologia –, abriu-se uma brecha para que se discutisse amplamente a chamada “economia comportamental“. Ao contrário do que prega a teoria clássica da economia, as decisões humanas não são totalmente racionais; muitas das nossas escolhas são baseadas em critérios subjetivos e culturais, tornando as decisões de consumo, por exemplo, mais complexas e multifacetadas.
Autor do best-seller Nudge — O Empurrão para a Escolha Certa, Thaler explica no livro por que as pessoas priorizam o consumo no presente em vez de economizar para a aposentadoria: o prazer presente é mais concreto do que o sofrimento no futuro. E como romper com esse comportamento que pode comprometer a saúde financeira? A resposta pode estar nos nudges — definido como gatilhos ou estímulos que ajudam o usuário a tomar decisões que racionalmente o beneficiariam, enquanto preservam sua liberdade de escolha. Essa abordagem, que ficou conhecida como paternalismo libertário, é um mecanismo que dialoga com as necessidades das políticas públicas no Brasil.
Os empreendedores desenvolveram os nudgebots: robozinhos como os chatbots, mas que são focados em mudança de hábito. Na prática, a solução une os nudges — reforços positivos que sugerem comportamentos e incentivam escolhas que promovam a mudança de comportamento — aos bots, que são programas de computador criados para realizar tarefas repetitivas e automatizadas. Os nudgebots atuam em comportamentos que podem ser efetivamente mudados por meio de lembretes e nudges enviados de forma persistente, formando novos hábitos. Por meio de algoritmos que utilizam a inteligência artificial, o sistema manda mensagens para maximizar o impacto positivo na construção de novos comportamentos.
Para o engajamento educacional, desenvolveram a solução Eduq+, que envia nudges semanais, via SMS, com conteúdos e atividades incentivando coordenadores, professores e familiares a se engajarem na educação de jovens e crianças. Já o Poupe+, outra solução da empresa, atua na prevenção de inadimplência e formação de hábitos saudáveis focados na vida financeira. A proposta é ajudar o consumidor a se apropriar de conteúdos financeiros que o ajude a tomar decisões conscientes e financeiramente seguras. Os produtos desenvolvidos pela Movva podem ser aplicados, ainda, para reforçar cultura organizacional, saúde, questões sustentáveis e filantrópicas.
Sobre os resultados da empresa, destaco dois. Na avaliação realizada em Stanford com 19 mil usuários, a solução gerou uma diminuição da taxa de repetência em 33%; aumento de 15% na participação escolar; aumento de um quarto de proficiência em matemática; e retorno em relação ao custo investido (ROI) foi de R$ 12,44 por real aplicado. A Movva atua no Brasil — em 1.000 municípios com projetos de melhoria de aprendizagem e redução da inadimplência –, além de Estados Unidos, Costa do Marfim, República Dominicana e Alemanha. Possui 200 mil usuários ativos e já impactou 800 mil pessoas.
Em sete anos de jornada, os empreendedores têm auxiliado organizações do setor público e privado a formar hábitos positivos entre cidadãos e consumidores. Acredito na economia comportamental e na premissa de que com informação de qualidade podemos inspirar boas práticas para que o brasileiro possa fazer melhores escolhas.
Você é empreendedor(a) de uma startup de impacto? Estamos sempre em busca de novos(as) empreendedores(as) — de todo o Brasil — que queiram gerar impacto positivo em nossa sociedade. Compartilhe mais sobre você e seu negócio AQUI. Se sua solução tiver fit com um dos nossos programas de aceleração, entraremos em contato. 🙂
- Maure Pessanha é coempreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.
- Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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