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Letramento digital deve ser priorizado por quem apoia o empreendedorismo

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O empreendedorismo social deve estar no centro de uma necessária construção de novos futuros socialmente mais equânimes e inclusivos. Para isso, empreendedores e empreendedoras precisam de uma jornada de apoio para além do aporte de capital ou da criação de mecanismos de capacitação. Na minha percepção, torna-se necessária uma série de suportes para acompanhar essa pessoa em diferentes fases do negócio — da ideação ao planejamento para o crescimento da empresa.

E por que é importante falar sobre crescimento? Em processos de aceleração que tenho acompanhado há mais de uma década, em especial nos de negócios periféricos, tenho visto que o tema da expansão da empresa é totalmente ignorado. E não por acaso! O empreendedor de periferia está tão absorto na gestão da sobrevivência que não consegue visualizar para além do hoje.

Temos que discutir como fomentar uma mentalidade de crescimento, sobretudo em um contexto de pandemia no qual os negócios de impacto social têm sido essenciais para endereçar uma série de desafios da população em situação de vulnerabilidade social. Esses empreendedores periféricos não estão preocupados apenas com o próprio negócio, mas com os seus colaboradores e clientes; estão profundamente conectados com a situação e as carências das comunidades nas quais atuam.

Com esse cenário, as organizações de apoio ao empreendedorismo têm que começar a discutir seriamente quais são os mecanismos para dar suporte não somente à pessoa jurídica, mas à física — entendendo as demandas nas diferentes facetas do cotidiano desse empreendedor. Ou seja, ajudar de forma diferente ao longo da jornada. Não podemos perder de vista que empreender não é uma ciência exata; antes, trata-se de um fenômeno. O que uma pessoa precisa em um determinado momento pode ser completamente diferente do que necessita em outra jornada do mesmo negócio.

Entre os entraves dos negócios periféricos, gostaria de destacar o letramento digital. Durante a pandemia — e diante da necessidade de criar mecanismos para desenvolver versões on-line da empresa –, vi que muitos empreendedores demandaram conhecimentos para a digitalização das vendas. E as dúvidas foram muitas! Da precificação à melhor forma de entregar produtos e serviços vendidos nessa nova realidade. A busca por conhecimento por parte de micro e nanoempreendedores foi essencial para se reinventar nesse período da pandemia. E, aqui, volto à questão das ajudas.

As organizações e os movimentos que nasceram para apoiar o empreendedor, sobretudo o de impacto, devem pensar em como oferecer esse suporte dentro de linguagens e formatos adequados. Se for a oferta de crédito, por exemplo, que seja um modelo socialmente responsável para não causar o endividamento dessa pessoa; e que venha acompanhado de uma educação financeira.

Temos que reestruturar esse diálogo para que faça sentido para os diferentes interlocutores. Investir no letramento digital de empreendedores periféricos é apoiar uma engrenagem muito transformadora.

Quanto mais produtiva uma empresa é, mais valor ela gera para a própria comunidade do entorno, movimentando a economia local, gerando renda e emprego. O fortalecimento desses empreendedores dialoga com medidas para apoiar a inclusão produtiva no País, sendo uma forma de impulsionar o nível de renda e apoiar a redução da exclusão social.

Há muito potencial entre os empreendedores brasileiros e, com o apoio correto, eles podem melhorar as próprias empresas e driblar os desafios da atual crise.

Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

Você é empreendedor(a) de um negócio que gera impacto positivo? Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.

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