Investir em nano, micro e pequenas empresas é apoiar uma engrenagem social muito transformadora. Quanto mais produtiva uma empresa, maior é o valor que ela reverte para a própria comunidade do entorno ao movimentar a economia local, gerando renda e emprego. O fortalecimento de empreendedores de diferentes segmentos dialoga, inclusive, com medidas para apoiar a inclusão produtiva no país, sendo uma forma de impulsionar o nível de renda e endereçar o combate à exclusão social.
Há muito potencial entre os empreendedores no Brasil e, com o apoio correto, eles podem melhorar o desempenho dos próprios negócios e driblar os desafios da atual crise. Por esse motivo, iniciativas que buscam reduzir as barreiras de letramento digital dos empreendedores são tão relevantes. Uma delas, que gostaria de destacar, é o JA_É: Jornada de Apoio a Empreendedores(as).
Gratuito e com conteúdos online, enviados por WhatsApp, o programa é voltado a capacitar empreendedores da Grande São Paulo, de diversos segmentos e setores, no processo de digitalização dos negócios e no aumento da própria produtividade. As inscrições estão abertas, e a novidade da segunda edição é que não haverá processo seletivo, ou seja, todos os inscritos poderão participar de uma jornada de conhecimento on-line com duração de seis semanas.
Resultado de uma coalizão conduzida pela Artemisia — com participação de Accenture, Fundação Arymax, Instituto humanize, Facebook, Potencia Ventures, Fundação Casas Bahia, Instituto XP, Lenovo Foundation e Fundação Tide Setubal, e o apoio estratégico da Aliança Empreendedora –, a iniciativa espera movimentar 50 mil empreendedores e empreendedoras de pequeno porte em três anos.
Por meio do WhatsApp, o programa disponibiliza conteúdos voltados a auxiliar os negócios no processo interno de gestão, comunicação e vendas em canais digitais. Há, ainda, aulas com acesso a benefícios exclusivos do ecossistema para os participantes.
A iniciativa é aberta a empreendedores urbanos e rurais que vivenciam uma situação de vulnerabilidade social e econômica, sobretudo àqueles que atuam em áreas de baixa mobilidade social como periferias e comunidades de baixa renda, grupos minorizados, minorias e afroempreendedores. Na prática, estão qualificados todos os que tenham potencial de consolidar os negócios no ambiente digital para que possam impulsionar a digitalização das ações de comunicação, canais de venda e modernizar os processos de gestão e produção.
Esse olhar de apoio se baseia na premissa de que, muitas vezes, uma simples reorganização no negócio tem potencial para aumentar a produtividade e a eficiência, porque ao incorporar tais inovações, há incremento nas vendas, redução de custo e aumento na renda do empreendedor.
Estou falando, inclusive, de apoio a negócios como salões de beleza, padarias, ateliê de costura, vendedores ambulantes, restaurantes, artesãos, entre outros. Um ponto bastante relevante é que esse programa foi pensado para trazer resultados rápidos e efetivos — atributos potencializados pelo formato prático e adaptado à realidade dos empreendedores, que poderão seguir a jornada on-line no horário, local e ritmo que melhor se encaixem à rotina.
No País, a pandemia comprometeu o presente e o futuro dos cidadãos — um impacto especialmente cruel na população em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O cenário traz a demanda urgente de uma articulação social ampla com o objetivo de apoiar iniciativas de geração de renda e isso passa por dar suporte às pessoas que por necessidade, frente a altas taxas de desemprego, tiveram que se lançar na jornada empreendedora.
Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.