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Negócio de impacto foca em saúde ocular do público 60+

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Entre os impactos nefastos da pandemia no Brasil, teremos que lidar com um sério problema associado à falta de cuidados preventivos de várias doenças. Na prática, o País já registra um gap gigantesco no atendimento a enfermidades cujos tratamentos foram negligenciados durante os últimos anos. Esse cenário demandará soluções desenvolvidas por negócios de impacto social, sobretudo os que endereçam o acesso ao atendimento.

A saúde ocular é uma das que têm sido negligenciadas. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, a cegueira e a deficiência visual podem ser evitadas em 80% dos casos. Os dados apontam que os casos mais comuns acometem quatro vezes mais as pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica, em especial, cidadãos analfabetos que vivem em áreas periféricas e rurais.

O acesso a exames preventivos — para detectar doenças como glaucoma e catarata — é fundamental para evitar as perdas visuais, sociais e emocionais. Entre a população com mais de 60 anos, por exemplo, a catarata é um fator de perda de renda, já que dificulta a atividade de profissionais como motoristas e costureiras; perder a visão tem um impacto negativo, também, na saúde mental das pessoas.

Um negócio de impacto social pioneiro no Brasil tem endereçado o problema. A Central da Visão oferece acolhimento e orientação qualificada no ambiente digital a pacientes que não têm plano de saúde e que aguardam o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com levantamento conduzido pela própria empresa, com base no DataSUS, as cirurgias feitas pelo SUS em 2020 caíram 38,6% em relação a 2019. Com a iniciativa, a startup mostra que existe uma alternativa segura — e com condições de acessibilidade — para ajudar o paciente a tomar a decisão de operar a visão.

No modelo operacional, a healthtech (startup da área da saúde) dispõe da parceria com 100 cirurgiões oftalmológicos que oferecem horários vagos em 28 clínicas próprias, localizadas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pernambuco, Bahia e no Distrito Federal. Como o atendimento é focado em pessoas acima dos 60 anos, um dos diferenciais é o atendimento humano, realizado por uma equipe preparada para tirar as principais dúvidas dos pacientes.

Fundada em 2017 por Guilherme de Almeida Prado, a Central da Visão endereça a alta demanda por cirurgias oftalmológicas e já realizou quatro mil cirurgias. Em 2021, a startup recebeu um aporte de R$ 3 milhões da Gávea Angels, Hangar8 Capital e 4am Capital, que está sendo investido no incremento de tecnologia e de equipe — que dará suporte ao plano de expandir o atendimento para todas as capitais brasileiras.

Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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