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Sempre acreditei na força das histórias — as que ouvimos, as que vivemos, as que contamos e as que criamos. O empreendedorismo social tem muito a ver com a reflexão de elaborar novas narrativas e dar respostas inovadoras às perguntas de cunho social. Essa modalidade de criar empresas com o propósito de endereçar soluções para problemas sociais que afligem a população em situação de vulnerabilidade social está associada a pessoas de diferentes classes sociais, profissões e culturas, mas que estão unidas pelo desejo de mudar a lógica social vigente no Brasil. Ou seja, gente comprometida com a construção de uma nova economia com mais justiça social e respeito aos limites ecológicos do planeta.
Esses empreendedores e essas empreendedoras têm como ponto central, diferencial e fortaleza, o entendimento do problema que querem resolver. Na prática, conhecem, em profundidade e com empatia, a dor e a vulnerabilidade social. E, a partir daí, criam um negócio de impacto social baseado em algumas premissas. Vale ressaltar que o conceito abarca empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis (não apenas no significado literal da palavra, mas no enorme potencial de inspirar) para problemas sociais e ambientais enfrentados pela população em situação de vulnerabilidade social.
Entre as características principais dos negócios de impacto social — na visão desenvolvida pela Artemisia, organização pioneira no Brasil no fomento e na aceleração dessas empresas — estão:
1. O foco na população em situação de vulnerabilidade econômica (produtos e serviços desenhados de acordo com as necessidades e características dessa população);
2. Intencionalidade (possuem a missão explícita de causar impacto social e são geridos por empreendedores éticos e responsáveis);
3. Potencial de escala (podem ampliar o alcance por meio da expansão do negócio, da replicação em outras regiões por outros atores ou pela disseminação de elementos inerentes ao negócio por outros empreendedores, outras organizações e políticas públicas);
4. Rentabilidade (possuem um modelo robusto que garante a rentabilidade e não depende de doações ou subsídios);
5. Impacto social relacionado à atividade principal (o produto ou serviço oferecido diretamente gera impacto social ou se trata de projeto/iniciativa separado do negócio — sim, da atividade principal);
6. Distribuição ou não de dividendos (um negócio pode distribuir ou não dividendos a acionistas; decisão que não é um critério para definir o impacto social).
Um aspecto fundamental — que deve nortear a atuação dos empreendedores sociais — é a visão de que devem protagonizar uma transformação sistêmica na relação entre negócios, pessoas e meio ambiente. Com essa perspectiva, os negócios de impacto social brasileiros têm gerado melhorias na qualidade de vida da população de menor renda em cinco principais dimensões:
1. Diminuição dos custos de transação;
2. Promoção de oportunidades de desenvolvimento;
3. Possibilidade de aumento de renda;
4. Redução de condições de vulnerabilidade;
5. Fortalecimento da cidadania e dos direitos individuais.
São negócios em setores estruturantes como saúde, habitação, tecnologia assistiva, serviços financeiros, alimentação, educação, entre outros. Esse empreendedorismo de impacto trouxe para o ecossistema pluralismo e diversidade essenciais para a construção de uma sociedade mais igualitária, sobretudo, por enxergar a potência de negros, mulheres, pessoas maduras, periferias e diferentes estratos sociais.
Com o sonho pragmático de reimaginar e recriar a sociedade, promovendo mais inclusão e reduzindo as desigualdades por meio da força do empreendedorismo, a Artemisia decidiu — como parte das comemorações pelos 15 anos de fundação da organização — contar a história de quinze empreendedores e empreendedoras que têm liderado uma revolução na forma de fazer negócios no Brasil.
São daquelas histórias que não têm fim, pois estão apenas começando; são narrativas da vida real que não fecham as aspas dos protagonistas, porque nenhum deles e nenhuma delas têm a palavra final. Esse diálogo continua sempre aberto, à espera de mais atores e novos interlocutores sociais dispostos a construir futuros possíveis sobre a perspectiva de um olhar empático e igualitário.
Faço um convite aos leitores do Estadão para que conheçam essas lindas, potentes e verdadeiras trajetórias de empreendedorismo social. Clique aqui para acessar o livro.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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