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Repensar os negócios à luz dos desafios da pandemia fez parte da rotina estratégica dos empreendedores de impacto social ao longo de 2020. No caso da Diaspora.Black, essa prática foi vital para a sobrevivência da empresa. Liderado por Carlos Humberto da Silva Filho, Antonio Pita, Cintia Ramos e André Ribeiro, o negócio nasceu para derrubar as barreiras que o racismo cria e recria. O quarteto acredita que o conhecimento e a vivência são ferramentas poderosas para combater o preconceito e, também, para criar pontes entre pessoas e culturas.
Como rede global de pessoas que amam a cultura negra e buscam viver experiências autênticas e inesquecíveis, a empresa funciona como elo de uma comunidade que tem, agora, uma conexão para aproximar os negros da própria história, da essência e riqueza por meio de hospedagens, experiências (presenciais e online) e eventos. A plataforma conduz a mediação de oferta e procura de acomodações por temporada e venda de produtos e serviços. Em tempos de pandemia, as viagens foram substituídas por experiências online. Nesse cenário, a tecnologia passou a ser usada para promover soluções de impacto social e venda do turismo qualificado.
Mais do que um modo de manter vivo o negócio, o modelo da Diaspora.Black tem sido apontado como uma grande tendência para o retorno do crescimento do setor no pós-pandemia. Isso porque a locação de residências — que permite ao turista maior controle das condições sanitárias do espaço e da circulação de pessoas onde se hospedará — deve ser ainda mais valorizada.
Por outro lado, as experiências, depois dessa vivência de distanciamento social, passarão a ser mais procuradas. Em 2020, os empreendedores lançaram um marketplace para venda de atividades online. O novo site foi responsável pelo crescimento de 700% da empresa (comparado ao mesmo período de 2019). Esse canal possui as mesmas coisas encontradas no meio presencial: histórias, vivências e memórias que são tratadas em cursos, workshops e atividades culturais. Empreendedores de setores afins — gastronomia e cultura — encontraram nesse espaço virtual uma forma de manterem os seus negócios vivos.
Um dos pontos relevantes é que a empresa produz conteúdo qualificado contra o preconceito. Uma pesquisa conduzida pela Universidade Harvard em 2015 — com mais de 6 mil anfitriões residentes em cinco cidades norte-americanas — apontou que pessoas com nomes e sobrenomes que soam ser afro-americanos têm 16% menos chances de serem aceitas via plataforma de aluguel de imóveis por temporada. A Diaspora.Black rompe essa barreira dos vieses inconscientes, do racismo estrutural e influencia a criação de uma nova geração que se orgulha da ancestralidade e que dissemina a própria história de lutas e riqueza cultural singular. Em paralelo, a geração de renda para a população negra tem sido catalisadora de crescimento e impacto social do negócio.
Entre os anfitriões da plataforma Diaspora.Black, 74% são mulheres negras de 25 anos a 44 anos que têm um aumento de até 30% em sua geração de renda com a oferta de acomodações compartilhadas. Entre os clientes, 16% são estrangeiros vindos de países como Itália, França e Estados Unidos. O pertencimento, a valorização identitária e promoção da igualdade norteiam a relação entre a startup de impacto social e seus integrantes — anfitriões de experiências, clientes e parceiros de negócio. A plataforma também articula roteiros históricos — presenciais e online –, vivências em quilombos e centros culturais para divulgar o turismo de experiências autênticas. As experiências virtuais são pontuadas pela mesma filosofia de valorizar a cultura e a ancestralidade negra.
Ao falar sobre o impacto social do negócio, os empreendedores costumam ressaltar que construir vínculos de pertencimento e formar uma comunidade global — que busca viver experiências centradas no fortalecimento da cultura negra — têm sido uma grande jornada marcada pelo propósito. A plataforma faz a ponte entre a oferta de acomodações compartilhadas em diversas cidades, entendendo a casa como espaço de acolhida e bem-estar. No online, as experiências também trazem a essência desse trabalho que já atendeu mais de 5 mil clientes em 18 países e 140 cidades.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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