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Letramento de estudantes é foco de startup inovadora premiada pela Unesco

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O Brasil está longe de atingir o letramento pleno. O Indicador de Analfabetismo Funcional, conduzido pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa em parceria com o Ibope Inteligência, aponta que somente 12% dos brasileiros possuem proficiência plena em língua portuguesa. Em linhas gerais, eles são capazes de elaborar textos de maior complexidade com base em elementos de um contexto dado e opinar sobre o posicionamento ou o estudo do autor.

A pesquisa mostra ainda, segundo os dados mais recentes (de 2018), que 13% dos que chegam aos ensinos médio e superior ou os concluem podem ser caracterizados como analfabetos funcionais. Esse é um problema que tem ceifado o futuro de gerações, pois representa um grande obstáculo para o avanço nos estudos e o acesso a melhores oportunidades no mercado de trabalho. Com isso, a participação plena na sociedade fica comprometida.

Um negócio de impacto social fundado por professores tem atuado na criação de um programa educacional que endereça esse problema. Fundada em 2015 por Luis Junqueira e Thiago Rached, Letrus é a primeira startup brasileira que une tecnologia e conhecimento pedagógico e linguístico humano para alavancar o desenvolvimento da escrita de estudantes. Na prática, os empreendedores têm por missão a busca por um País mais letrado.

Programa Letrus é pioneiro em apoiar educadores no desenvolvimento da escrita e do letramento do estudante, tendo por base uma metodologia construída de forma cíclica a partir de evidências — resultados e análises detalhadas, potencializando a atuação de professores e possibilitando o protagonismo dos estudantes no desenvolvimento da escrita.

A solução conta com a condução do educador no processo, que pode ser aplicada com alunos e educadores nas respectivas residências, sem necessidade de aula presencial. Recentemente, a empresa venceu o prêmio King Hamad Bin Isa Al-Khalifa ICT in Education Prize, da Unesco. A premiação global foi concedida por conta de um programa desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação do Espírito Santo e reconheceu a startup como a melhor iniciativa do mundo a unir inteligência artificial e educação.

As atividades têm início em uma plataforma on-line, na qual é possível escrever textos e receber revisões imediatas — com orientações específicas, correções e adequações. Esse professor, em paralelo, recebe gráficos que apontam a evolução de cada aluno e da sala, além do material de apoio pedagógico para aplicações das futuras redações. A ideia é otimizar o tempo dedicado pelo docente e criar mecanismos para que o aluno tenha um diagnóstico sobre os principais tópicos a serem trabalhados para o desenvolvimento do letramento pleno.

Um ponto interessante é que o Programa Letrus avalia textos dissertativos usando os mesmos critérios das competências adotadas pelo Enem e pela Fuvest. A solução conta com a Experiência Diagnóstica de Escrita, gratuita para escolas particulares; para as públicas está disponível nas secretarias de educação. A empresa está presente em 26 Estados e no Distrito Federal, em mais de 400 escolas e conta com mais de 65 mil alunos.

Hoje, o negócio de impacto social está conduzindo parcerias com redes públicas do Espírito Santo e de São Paulo norteadas pelo objetivo de minimizar o impacto causado pelo isolamento social, com suspensão de aulas e ensino remoto. Como iniciativa futura, a partir de 2021, a empresa passa a atender alunos do Ensino Fundamental 2.

Acredito na educação como peça central da redução dos abismos sociais. Uma reflexão — feita recentemente na Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, do Fórum Econômico Mundial — resume o que defendo: devemos ser mais ambiciosos em relação ao combate das desigualdades. Temos que promover, fortemente, a igualdade de oportunidades e de escolha. A educação é o ponto de partida dessa mudança que queremos e de que precisamos.

Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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