[:pt]
O Fórum Econômico Mundial aponta que as economias lineares — baseadas na lógica do “aproveite para desperdiçar” — provocaram um impacto irreversível no planeta e nos seus habitantes. Em contrapartida, o modelo de economia circular representa uma forma de repensar a maneira como projetamos, fabricamos e usamos produtos e materiais.
Nela, o nosso olhar se volta para enxergar o desperdício como uma falha de design e nos convida a regenerar os sistemas naturais, a tratar as causas profundas dos desafios econômicos, sociais e ambientais. É nesse contexto que o empreendedorismo de impacto tem atuado.
Um dos exemplos de negócios é a Ver-o-Fruto, que busca soluções para a sociedade a partir de uma nova destinação para os rejeitos da cadeia final do açaí. Na prática, a empresa — criada em 2019 por Ingrid Teles — transforma caroços em novos produtos, a partir da lógica da economia circular. Com o beneficiamento dos descartes dessa fruta, que é encontrada abundantemente em Belém e em sua região metropolitana, a engenheira desenvolveu um sabonete facial com os resíduos descartados pela agroindústria local.
O negócio surgiu a partir de uma pesquisa científica da então universitária — uma investigação que a motivou a fazer duas perguntas cujas respostas, aparentemente, não tinham conexão. Qual era o destino dos resíduos da manga e como os moradores ribeirinhos da Ilha do Combu — distrito de Belém — tinham acesso a água?
A conclusão surgiu no formato da proposta de que o resíduo da manga poderia ser transformado em um meio filtrante, utilizado no tratamento da água para a população local. Premiada pela Anprotec, ela começou a vislumbrar o potencial de negócio que atualmente trabalha com o resíduo do açaí.
Hoje, a empreendedora mantém a sede do Ver-o-Fruto no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), no campus da Universidade Federal do Pará, e acaba de conquistar o programa StartUP Pará — iniciativa do governo do Estado via Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e da Secretaria de Planejamento e Administração (Seplad), com apoio técnico da Fundação Guamá. Para 2022, o plano é dar início a vendas nas principais capitais do Brasil, a começar por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Além do sabonete facial, Ingrid intensifica o trabalho de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de estudar novas soluções a partir do beneficiamento do resíduo do açaí. Como uma das empresas selecionadas para o programa BNDES Garagem, na categoria Criação, ela tem planos de dar prosseguimento na área de tratamento de água para algumas ilhas próximas a Belém. A proposta é trabalhar o beneficiamento de um insumo que está disponível em grandes quantidades e contribuir para a diminuição da poluição visual, do solo e hídrica.
Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
Você é empreendedor(a) de um negócio que gera impacto positivo?
Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
[:]