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Prato Verde Sustentável é exemplo de empreendedorismo no combate à fome

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Estamos vivenciando um aumento dramático da pobreza. Seis em cada dez casas no Brasil sofrem com a insegurança alimentar. Falta comida em 15% dos lares da nação, de acordo com uma pesquisa da Universidade Livre de Berlim (Alemanha) — conduzida em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB).

Outra análise em destaque nesse mapeamento aponta para a piora na alimentação. Há uma queda superior a 40% no consumo de carnes, frutas e queijos e de 36,8% no de hortaliças e legumes.

Diante dessa constatação, destaco a relevância de iniciativas como o negócio de impacto social Prato Verde Sustentável. Fundada por Wagner Ramalho e Angélica de Oliveira Soares, a empresa atua com consultorias, oficinas, vivências e implementação de hortas em escolas e outros espaços — além de vender produtos orgânicos.

Instalada na Associação Mutirão, no bairro Jardim Filhos da Terra, na zona norte de São Paulo, a organização tem por objetivo disseminar educação ambiental na sociedade e qualificar a alimentação por meio da vivência agroecológica.

A ideia surgiu de Wagner, que nasceu e passou parte da vida no interior, sempre plantando e colhendo o próprio alimento. Ao chegar no território no qual reside e montou o negócio, enxergou o enorme potencial de desenvolver hortas, ensinando as pessoas a cultivar o próprio alimento.

O Prato Verde Sustentável transformou um terreno abandonado em uma horta que chega a produzir quatro toneladas de alimentos por ano — sendo 30% da produção comercializada e 70% doada para a comunidade. Desde a criação, já produziu 21 toneladas de alimentos, realizou 1.380 treinamentos e atendeu 4.500 pessoas. O negócio, inclusive, foi premiado pela Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (ABRAPS).

A relação de Wagner com a alimentação saudável nasceu cedo. Aos seis anos, ele fugiu de casa e passou a viver nas ruas da cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo. Depois de ser encontrado pelo pai — sete meses depois –, e a pedido deste, começou a ser criado por uma família com ascendência indígena. Segundo o empreendedor, a renda deles vinha do cultivo, ou seja, era uma casa alimentada pela cultura de subsistência.

“Eu aprendi isso. Lembro que eles me deram um pedacinho de terra simbólico e um pacotinho de alho; eu não sai daquele canteiro enquanto não nasceu. Quando eu vi crescendo, achei sensacional”, conta Wagner, que se tornou um “fazendeiro da cidade”.

Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e licenciado em Geografia pelo Instituto Dottori de Ensino Superior, Wagner atuou como conselheiro Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura da Paz, atuou na Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo — na escola de jardinagem — e foi educador no projeto “Crer-Ser: germinando cidadania”, que desenvolve formação profissional e inclusão de jovens.

A alimentação é um tema crítico para garantir a melhoria da qualidade de vida e da saúde da população e o empreendedorismo de impacto social tem se mostrado um dos caminhos para enfrentar parte dos desafios do setor — ressalto que é um dos meios, porque não existe uma solução única para um problema tão complexo e multifatorial. A falta de acesso a produtos tem impacto direto na saúde da população e está na base das causas de doenças como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e obesidade.

Nesse contexto, há iniciativas empreendedoras que se propõem a mudar essa lógica vigente. De um lado, os desafios enfrentados pela população em situação de vulnerabilidade econômica para ter acesso à alimentação de qualidade; de outro, empreendedores de impacto social focados em criar negócios inovadores que garantam que frutas, verduras e legumes cultivados por agricultores familiares locais cheguem à mesa dos moradores de periferias e centros urbanos a um preço justo. O encontro desses brasileiros tem colaborado para reduzir distâncias e combater as desigualdades.

Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

Você é empreendedor(a) de um negócio que gera impacto positivo?

Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.

E se você se interessa no setor de alimentação: conheça nossa Tese de Impacto Social em Alimentação — estudo que nós da Artemisia criamos em parceria com a Fundação Cargill que analisa os principais desafios enfrentados pela população em situação de vulnerabilidade econômica e aponta as oportunidades para quem pensa em criar um negócio de impacto social no setor. Faça o download gratuito AQUI.

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