De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 1,8 bilhão de pessoas bebem água imprópria para o consumo humano no mundo. No Brasil, o Instituto Trata Brasil aponta que são cerca de 35 milhões de cidadãos sem acesso à água potável.
Esse problema passou a ser objeto de estudo de uma jovem baiana, aspirante a cientista. Em 2013, Anna Luísa Beserra, ainda no Ensino Médio, começou a pensar em uma solução inovadora e de baixo custo. Em 2019, formada em Biotecnologia na Universidade Federal da Bahia, foi uma das vencedoras do prêmio Jovens Campeões da Terra e se tornou a primeira brasileira a conquistar a premiação da ONU.
O projeto escolar se transformou, ao longo dos anos, em um negócio de impacto social fundado por Anna Luísa Beserra e Letícia Nunes. A empresa Sustainable Development & Water for All (SDW) atua com diversas tecnologias, dentre elas o Aqualuz — tecnologia destinada a resolver o problema da contaminação microbiológica da água em regiões áridas. A solução faz uso da radiação solar para eliminar patógenos presentes na água da chuva, armazenada em cisternas. Sem aditivos químicos, o dispositivo é o único no mundo a trazer essa solução. Um outro ponto relevante é a durabilidade: a vida útil é de 20 anos, tratando diariamente até 20 litros de água.
Desde o desenvolvimento do dispositivo, mais de 4 mil brasileiros que residem no semiárido nacional foram beneficiados. Entre os principais impactos sociais da empresa, destaco o fato de propiciar à população em situação de vulnerabilidade social o acesso à água potável — que dialoga com a prevenção de doenças causadas pelo consumo de água imprópria. Para as empreendedoras, o Aqualuz salva vidas por meio da água.
Com o desenvolvimento de projetos alinhados ao ESG — do inglês, environmental, social and governance (ambiental, social e governança) — e em parceria com organizações e empresas, a SDW atua para mudar a vida das pessoas que residem nas zonas rurais do mundo, de indivíduos que vivem sem terem os direitos básicos atendidos.
A inovação social — que permeia a atuação das empreendedoras com diferentes produtos — torna-se ferramenta para transformar o cotidiano de cidadãos a partir do acesso à água potável. Esse trabalho, inclusive, está alinhado com as metas de sustentabilidade da ONU.
A metodologia de trabalho social da SDW contempla o diagnóstico, a capacitação, a implantação e o monitoramento (remoto e presencial), que resultam em um relatório de impacto. Nas consultorias de saneamento, a empresa cria projetos personalizados para companhias contratantes voltados a identificar e revisar as necessidades de comunidades rurais mapeadas.
As empreendedoras costumam dizer que a água é um veículo de mudança necessário para que bilhões de pessoas tenham dignidade. Acredito nelas!
Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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