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A diversidade de gênero é uma das principais chaves para analisar o perfil sociodemográfico dos empreendedores à frente dos negócios sociais e ambientais no Brasil. A edição de 2021 do Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental revela que o talento feminino está presente na fundação de 67% das empresas do ecossistema — sendo que 23% das mapeadas têm apenas mulheres como líderes e em 10% elas formam a maioria dos profissionais. Esse índice revela uma escalada significativa na conquista da equidade no empreendedorismo de impacto.
Entretanto, embora a notícia da ampliação da presença feminina nos negócios de impacto seja boa e os resultados consistentes, o levantamento aponta que, quando analisamos os investimentos recebidos pelas 1.300 empresas mapeadas, vemos que as administradas por um time essencialmente feminino tendem a receber menos recursos financeiros e a ter menor apoio adicional para evoluir na jornada quando comparadas com as lideradas por homens. As empreendedoras também são menos selecionadas para os processos de aceleração e, como consequência, temos poucas lideranças femininas entre os negócios em fase de escala: 25% das mulheres versus 35% de homens.
Esses dados trazem a evidência de que devemos nos aperfeiçoar para garantir mais investimentos e apoio para os negócios liderados pelas mulheres. É nítido que a indústria de negócios de impacto socioambiental brasileira está amadurecendo, sobretudo na qualificação dos empreendedores, na inovação das soluções, nos modelos de negócio e nas formas de financiamento. A cultura do empreendedorismo social está avançando no País e tem mostrado um enorme potencial para auxiliar as grandes empresas brasileiras e os governos a enfrentarem os desafios, inclusive os da inovação.
No entanto, na jornada em direção à inovação aberta com impacto social, devemos contar com o empreendedorismo feminino. A construção de uma sociedade mais equânime e o combate à desigualdade são lutas, também, das mulheres! Em especial porque elas são atingidas de maneira bastante específica pela falta de oportunidades; essa expertise de vivenciar a vulnerabilidade social e econômica é o combustível de inúmeras empreendedoras para criar as soluções inclusivas.
De modo geral, quando pensamos nos desafios a serem transpostos no ecossistema, continuam prementes as questões relacionadas à diversidade — destaco as de gênero e o combate ao etarismo –, a importância de fomentar o diálogo entre setores e a disseminação da mensuração para melhor gestão de impacto social.
Diante desse cenário, o apoio direto a empreendedoras continua sendo fundamental para manter um ciclo positivo de desenvolvimento. No Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino (19 de novembro), acredito que mais do que celebrar as conquistas, devemos refletir sobre como os atores da nossa indústria podem aprimorar o suporte dado às mulheres e enxergar as inovações construídas a partir dos olhares e do talento feminino.
Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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