Se você se identificou com a pergunta acima, uma boa notícia: a educação está se mostrando um campo fértil para o empreendedorismo.
Mas para quem quer empreender um negócio que realmente gere impacto social na educação, na saúde ou em outra área, é fundamental conhecer as reais necessidades da população de baixa renda. Ao mesmo tempo, é preciso identificar quais delas podem ser solucionadas por meio de modelos de negócios que ainda não estão sendo oferecidos pelo setor privado. Para atuar em setores essenciais, como educação, em que existe uma oferta pública relevante, ainda é preciso identificar se existem entraves regulatórios ou políticos para desenvolver soluções que possam complementar a oferta existente.
Pensando nisso, a Potencia Ventures e o Instituto Inspirare lançaram recentemente um estudo inédito e inovador intitulado Oportunidades em Educação para Negócios Voltados para a População de Baixa Renda no BrasilA pesquisa identificou onde existem oportunidades para o desenvolvimento de produtos e serviços que contribuam para elevar a qualidade da educação oferecida para a população de baixa renda.
O escopo do estudo envolve o panorama da educação básica, que contempla os ensinos infantil, fundamental, médio (incluindo educação de jovens e adultos) e técnico. O levantamento concentrou-se nas necessidades da população CDE em seis estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Alagoas.
Os dados apontaram oportunidades para a atuação de empreendedores em seis segmentos: gestão escolar; formação, método e avaliação; infraestrutura; cursos e objetos educacionais; financiamento educacional; e acesso à informação. Em infraestrutura, por exemplo, ficou evidente uma ampla demanda para a construção de creches, além da necessidade de uma organização que zele pela manutenção do espaço físico da escola. Em financiamento estudantil, foram encontradas pouquíssimas iniciativas que ofertassem serviços financeiros que concedam, facilitem ou organizem crédito a alunos. A questão da formação do professor surgiu como campo a ser explorado e desenvolvido. Existem muitos objetos educacionais e tecnologias voltadas a facilitar a aprendizagem do aluno ou dar acesso a conhecimento, e poucas iniciativas voltadas à formação contínua do professor, o elo central quando se trata de educação.
As principais conclusões desse estudo pioneiro estão disponíveis no site do Porvir ou diretamente neste link.Além dos claros insights, o que mais me chamou a atenção foi perceber que, felizmente, estão surgindo inúmeras empresas, ainda em estágio inicial, lideradas por jovens empreendedores que buscam soluções e vislumbram oportunidades nesses segmentos. Outros atores, como investidores e aceleradoras, também passam a aparecer.
No entanto, o que se encontrou foram soluções ainda muito pulverizadas, o que é normal em um mercado tão novo. O ponto de atenção que os organizadores do estudo levantam é que, em educação, olhar para um aspecto não resolve, já que os problemas são complexos e interligados. É preciso que o empreendedor tenha uma visão mais sistêmica do quadro e que busque dialogar com os principais envolvidos no problema. Para os empreendedores, o que fica evidente é que esse mercado ainda tem muito a crescer.
*Artigo publicado originalmente no site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios.