Conhecer as consequências positivas e negativas do negócio ajuda a alterar o enfoque dos investimentos, a buscar novas alianças estratégicas e a alterar rotas
O empreendedorismo não é uma ciência. Na prática, é um fenômeno. Não existe fórmula que garanta o sucesso, mas há a necessidade de ir para a prática. Sair do plano das ideias para testar o produto ou serviço formulado é uma das principais iniciativas que deve ser abraçada pelo empreendedor e empreendedora — sobretudo, os de impacto social. São eles que precisam entender, em profundidade e com empatia, a dor da população em situação de vulnerabilidade social que querem impactar e o desafio que propõem resolver.
É crucial conhecer as consequências positivas e negativas do negócio para que, apoiados em evidências, possamos alterar o enfoque dos investimentos, buscar novas alianças estratégicas e alterar rotas. Nesse contexto, entra o tema desse artigo: os sete passos metodológicos para desenhar uma avaliação de impacto social.
O primeiro diz respeito à análise de contexto e stakeholders. Esse passo aborda um tema muito importante: não se faz avaliação sozinho, em especial, porque trabalhamos com objetos de interesse público. Claro que haverá diferentes níveis de envolvimento das pessoas com a avaliação, mas é essencial que o processo conte com a participação coletiva para iluminar o caminho tecnicamente e legitimar o processo. Uma alternativa para ampliar a participação costuma ser a criação de comitês ou grupos de trabalho.
O passo dois é formular perguntas avaliativas, ou seja, boas questões que orientem a direção da investigação. As perguntas devem conseguir traduzir aquilo que precisamos compreender melhor e, também, ser capazes de apontar para direções que possam agregar valor ao que está sendo avaliado. A proposta é realizar uma jornada de aprendizagem que visa melhorar o objeto de estudo.
Avaliação de processos, resultados ou impactos? A questão norteia o terceiro passo, que está relacionado ao desejo de transformação, às pressões por eficácia e eficiência vividas pelo empreendedor. As avaliações podem ser de diferentes naturezas, mirar diferentes etapas de um produto/serviço e servir a propósitos distintos.
Existem, por exemplo, avaliações somativas, que se concentram nos finais dos ciclos e querem testar a relevância de uma iniciativa; já as avaliações formativas são aquelas que produzem informações que qualificam a iniciativa, enriquecendo e corrigindo sua gestão, alterando as operações, etc. Outra maneira de ampliar a compreensão sobre as possibilidades de uma avaliação reside em lançar um olhar para a tríade estrutura, processos e resultados — que traz uma outra maneira de enxergar a realidade de um empreendimento e escolher focos.
Eleger o modelo de investigação é o quarto passo, que apresenta quatro métodos ou modelos de investigação: experimentais; quase-experimentais; qualitativos não-experimentais; e mistos. A escolha do método não é uma questão de percorrer um menu em busca de algo da preferência do empreendedor ou empreendedora. É preciso se perguntar: o que se ganha e o que se perde com cada modelo? O tempo e os recursos disponíveis viabilizam qual tipo de estudo? O que parece ser capaz de produzir um estudo mais consistente para os públicos de interesse da minha iniciativa?
O quinto passo é construir indicadores e critérios de julgamento. Vale lembrar que um indicador é um resumo da realidade; ele deve ser capaz de revelar o funcionamento ou desempenho de um objeto.
O sexto passo é eleger as fontes (primárias e secundárias) e coletar informações para que a avaliação possa se sustentar com base em evidências.
O sétimo passo é analisar as informações — etapa em que organizamos, de forma sistemática, o conjunto de informações construídas a partir do uso de técnicas de investigação qualitativas e quantitativas para compreender o que dizem os dados.
Trouxe aqui, de forma muito sucinta, o roteiro metodológico viável para uma avaliação de impacto. E se tem uma forma infalível de aprender a fazer uma avaliação, é fazendo. Dos principais conceitos, como se preparar, onde estão as armadilhas, até as diferentes metodologias e métricas, os empreendedores podem encontrar o detalhamento para construir as avaliações das próprias soluções no Guia Prático para Avaliação de Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito.
Pensando nos desafios que os empreendedores(as) de todo o Brasil enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, a Artemisia se juntou à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.
Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.