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O impacto de gerar inclusão financeira para microempreendedores

A despeito da série de desafios, o empreendedor brasileiro sempre foi movido por sonhos. Entretanto, nos últimos três anos, temos visto a demanda de voltar ao mercado de trabalho permear o ímpeto de empreender. No país de mais de 12 milhões de desempregados, ganha relevância o fenômeno do “empreendedorismo por necessidade”.

De acordo com levantamento da Serasa Experian, como resposta à crise econômica houve um avanço significativo na formação de empresas e na formalização de microempreendedores; o primeiro semestre de 2018 registrou um crescimento de 38% em relação ao mesmo período em 2015. O Brasil já conta, hoje, com 7,7 milhões de microempreendedores individuais (MEIs), categoria criada pelo governo para formalizar empresas que faturam até R$ 81 mil por ano.

A análise do perfil desses brasileiros mostra que setores como alimentação, entrega, beleza e vestuário são os preferidos desses microempreendedores que transformam talentos pessoais em negócios. A renda familiar média é de aproximadamente R$ 4 mil, 73% não têm nível superior e reportam a insegurança em relação aos pontos burocráticos e jurídicos.

Entre os desafios enfrentados, está a falta de acesso a serviços financeiros adequados e de apoio para lidar com a burocracia que envolve a formalização. Para os não formalizados, soma-se a isso a ausência de benefícios como a cobertura previdenciária (auxílio doença e aposentadoria, por exemplo).

Ou seja, há um número grande de microempreendedores não formalizados que estão deixando de recolher impostos, ter oportunidades de crescimento via investimentos e garantia de seguridade social porque não conseguem lidar com os trâmites burocráticos.

É nesse contexto que entra um negócio de impacto social fundado por Gislaine Zaramella, Rodrigo Salem e Marcelo Moraes. O trio, a partir do sonho de desenvolver o maior programa de inclusão financeira para empreendedores brasileiros, criou a MEI Fácil, uma plataforma de serviços financeiros — que também conta com um aplicativo — destinada aos microempreendedores. O negócio apoia o empreendedor no processo de formalização, além de atuar para educar e oferecer acesso a apoios financeiros essenciais para o crescimento e a consolidação dos negócios.

“Setores como alimentação e beleza são os preferidos desses microempreendedores que transformam talentos pessoais em negócios”

Um dos pontos interessantes no modelo desse negócio de impacto social é o pacote de serviços iniciais oferecidos tanto na modalidade gratuita quanto na paga. Em apenas quatro minutos, o empreendedor solicita o CNPJ de forma gratuita. Esse microempreendedor recebe informações sobre emissão de notas fiscais, pagamento de impostos e declarações. Pelo Whatsapp (ZAP MEI) e tevê digital (TV MEI Fácil) tem acesso a conteúdos produzidos por especialistas com dicas sobre empreendedorismo.

Após passar por um processo intensivo de aceleração na Estação Hack por seis meses, a MEI Fácil conta com mais de 400 mil usuários, mais 160 mil empresas foram formalizadas pelo negócio e mais de 50 mil microempreendedores utilizam as dicas do ZAP MEI.

Com impacto na economia nacional, o empreendedorismo no Brasil tem sido a grande força da transformação social. E, por isso, os negócios de impacto social mostram a relevância de uma ideia empreendedora associada a um sonho empático, no qual a força coletiva altera os contornos da paisagem social, política e econômica de um país.

*Maure Pessanha é coempreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil. (Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor do Estadão PME)

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