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Muda Meu Mundo faz conexão para agricultores escoarem produção

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A insegurança alimentar grave, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atinge 10,3 milhões de pessoas. O Brasil possui 4,6% de domicílios (3,1 milhões) habitados por cidadãos que passam fome. Na prática, há uma redução quantitativa severa de alimentos que assola, inclusive, crianças. A fome passa a ser uma experiência cotidiana.

Desse contingente — de acordo com o levantamento, que analisa dados de 2018 e 2019 –, temos 2,6 milhões de homens e mulheres que estão em áreas rurais, o que me parece um contrassenso. Esse é um retrocesso enorme para o País. Para além disso, trata-se de um cenário de desumanidade atroz. A falta de alimentação adequada implica em condições sub-humanas de existência. Uma falha absurda na nossa capacidade de combater as desigualdades sociais.

Diante desse cenário estão a tristeza e o questionamento sobre como alterar essa lógica de escassez para a abundância. O Brasil caminha, a passos largos, para o Mapa da Fome. Em entrevista para o Estadão, o economista Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do Programa Mundial de Alimentos (maior agência humanitária da Organização das Nações Unidas), alertou que a estimativa é que 5,4 milhões de brasileiros passem para a extrema pobreza, ao final de 2020, em decorrência da pandemia do coronavírus. São 7% da população, segundo estudos do Banco Mundial. O problema é enorme, mas não duvido da nossa capacidade de endereçar esse desafio.

Um exemplo da força empreendedora feminina, voltada para responder aos desafios da alimentação, vem do Ceará. O negócio de impacto socioambiental Muda Meu Mundo nasceu em 2017 para resolver dois grandes problemas: a exploração dos agricultores familiares e o custo excessivo dos produtos orgânicos. A ideia era fazer a ponte entre o produtor e o consumidor, tornando mais acessível o alimento à população local.

Hoje, a plataforma realiza essa conexão do produtor com o varejo por meio da inteligência de dados para uma alimentação sustentável. A startup atua para que possamos ter uma alimentação do futuro sendo construída ao redor das cidades. Fundada e liderada por Priscilla Veras, a empresa — que passou por algumas mudanças até encontrar o modelo de negócio mais adequado — se prepara para expandir para outros Estados, em 2021.

Antes de desenhar essa expansão, a empreendedora teve que lidar com uma fase muito difícil durante a pandemia. A perda de muitos empregos impactou o cenário da agricultura familiar; a paralisação das feiras e dos programas de compra pública de alimentos atingiram diretamente os agricultores, que não tiveram acesso a benefícios de renda extra como os moradores das cidades. Ou seja, as famílias do campo viveram momentos extremos.

Para responder à situação, Muda Meu Mundo atuou para que os produtores continuassem a escoar as produções e aumentassem a renda. De janeiro a agosto, mais de R$ 300 mil foram injetados na rede de agricultores que integram a plataforma do negócio. O pagamento — em valor acima do mercado — foi feito de maneira recorrente e com apoio de um planejamento estruturado de produção. Em suma, os produtores mantiveram o trabalho e aumentaram suas rendas.

Perto do Dia Mundial da Alimentação, comemorado no dia 16 de outubro, quero deixar essa história de esperança vinda do Ceará; um exemplo de que é possível mudar da escassez para a abundância: de alimentos, de inovação, de empatia e de atitudes práticas para transformar realidades hostis.

Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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E se você se interessa no setor de alimentação: conheça nossa Tese de Impacto Social em Alimentação — estudo que nós da Artemisia criamos em parceria com a Fundação Cargill que analisa os principais desafios enfrentados pela população em situação de vulnerabilidade econômica e aponta as oportunidades para quem pensa em criar um negócio de impacto social no setor. Faça o download gratuito AQUI.

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