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Interação entre negócios de impacto social, investimento social privado e a indústria.

“A agenda de negócios de impacto social tem tomado mais espaço na agenda dos investidores sociais.” A consideração é de André Degenszajn, do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), que avalia que a filantropia tem recursos “bons” porque são aplicados sem expectativa de retorno financeiro.

“Tem que ter recursos e organizações que ajudem na construção desse campo [de negócios de impacto em saúde] e apoiem a estruturação desses atores que são centrais para fazer o setor se desenvolver” destaca Degenszajn. Segundo ele, há uma série de experiências que podem ajudar a financiar negócios de impacto social em saúde. Uma delas é defendida pelo inglês Ronald Cohen, considerado o pai das finanças sociais. Na prática, o “social impact bound” remunera o empreendedor que traz soluções eficientes para resolver um problema. As fundações poderiam, segundo Degenszajn, exercer diferentes papéis nesse sistema.

André Degenszajn, Nancy Swanson, Fábio Deboni e Dr. Paulo Chapchap

Globalmente, isso já acontece, explica Nancy Swanson, da Linked Foundation. A própria organização trabalha com três modelos de investimento. O primeiro são doações focadas e financiamento de dívidas, aliadas à assistência técnica para catalisar novos modelos de negócio social em saúde. A segunda é o investimento em fundos que tragam a intenção de gerar impacto social com retorno financeiro. O terceiro são investimentos em criação e compartilhamento de conteúdo para a evolução desses empreendimentos.

A missão, destaca a executiva, é criar modelos autossustentáveis. Ela exemplifica com o modelo de negócio de farmácias rurais. Mulheres empreendedoras são recrutadas em comunidades rurais e recebem financiamento, treinamento, insumos e suporte para abrir empreendimentos que comercializem remédios de baixo custo e produtos de saúde. Entre os resultados, explica, estão o maior acesso a remédios, melhora da saúde da comunidade e oportunidade para empreendedores rurais.

Para Fábio Deboni, do Instituto Sabin, institutos, fundações e empresas podem contribuir de diversas formas: com chancela, conhecimento e know-how, por exemplo. “É importante que haja engajamento com as organizações intermediárias. O desafio é tirar a saúde da segunda divisão e trazer para a série A”.

O médico Paulo Chapchap, do Hospital Sírio-Libanês, avalia que “o jeito de acertar é investir pesadamente e socialmente em saúde e educação”. O Sírio Libanês é uma startup, fundada em 1921, diz ele, mas que gostam de pensar assim pelo desafio diário de investir em inovação. “Saúde exige prontidão, se não forem resolvidos os problemas no tempo certo, há a chance de não serem resolvidos”, complementa.

A instituição lançou neste ano um prêmio para negócios sociais em saúde, o Empreenda Saúde. Nesta primeira edição, houve 200 inscrições. E, segundo ele, o nível dos concorrentes era tão alto, que os jurados pediram para que metade deles se apresentasse. “A área [da saúde] tem carências extraordinárias de infraestrutura, recursos humanos e orçamento.”

Apesar disso, Degenszajn diz que muitos investidores têm recursos, mas faltam negócios de impacto social em condição de receber aporte. “Um dos gargalos são as fases iniciais do negócio, em que o risco é muito alto, é pouco atrativo para investimento”, destaca. E complementa: “Para instituições que já fazem aporte a fundo perdido, pode ser interessante. O desafio é aproximar esse recurso de origem filantrópica dos negócios de impacto social. A questão de escala traz um atrativo”.

 

Este conteúdo foi apresentado no evento “Ecossistema de Saúde de Alto Impacto Social no Brasil’, realizado em outubro de 2015 pela ARTEMISIA, Instituto Sabin e ANDE.

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