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Inclusão produtiva, proteção social e cuidado ambiental devem nortear economia

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A pandemia pode levar mais de 150 milhões de pessoas à pobreza global e extrema em 2021, de acordo com o relatório Pobreza e Prosperidade Compartilhada, conduzido pelo Banco Mundial. Em face do impacto da covid-19, a América Latina e o Caribe contarão com 4,2% da população — 27,5 milhões de pessoas — nessa situação de vulnerabilidade social e econômica.

Uma das análises do mapeamento indica a importância de reverter a situação por meio de iniciativas firmes voltadas à redução da pobreza; a recomendação clara é que os países se preparem para a implementação de uma economia distinta, no período pós-coronavírus, capaz de permitir que capital, trabalho, habilidades e inovações se desloquem para novos negócios e setores. Ou seja, a defesa de uma retomada do crescimento de maneira sustentável e inclusiva.

No Brasil, a pobreza extrema deve impulsionar mudanças de comportamento de governos e empresas, indicando a necessidade de se pensar em modelos de desenvolvimento que integrem proteção social, inclusão produtiva e cuidado com o meio ambiente. O estudo “O Futuro da Inclusão Produtiva no Brasil: da emergência social aos caminhos pós-pandemia”, coordenado pela Fundação Arymax em parceria com a B3 Social, e conduzido pelo Instituto Veredas, aponta que o País tem um enorme potencial de fomentar a prática da inclusão produtiva.

Há espaço para inovações que combinam proteção social e inclusão produtiva; existem boas chances para a coordenação de esforços intersetoriais. Além disso, o levantamento aborda oportunidades empreendedoras associadas à economia verde.

Sabemos que os desafios de inclusão produtiva existentes anteriormente foram reforçados durante a pandemia. Hoje, há novos contornos que ganham rápida relevância, sobretudo o desenvolvimento de habilidades digitais e o acesso à internet, que passaram a ser requisitos para pensar as estratégias para incluir produtivamente essa população em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Como oportunidades, o estudo destaca que o maior acesso às novas tecnologias também permite o surgimento de empregos com o advento de novos negócios digitais, que podem ser aproveitados pelos mais jovens. A homebody economy, também, abre oportunidades para os que não encontram empregos próximos às suas residências.

Por mais que o período pós-pandemia esteja repleto de desafios — inclusive para os empreendedores de impacto social –, ele também é uma oportunidade de inovar nas abordagens, acelerar transformações que já estavam em curso e criar caminhos.

As mudanças sociais desencadeadas pela pandemia sugerem a existência de um espaço crescente para discutir o propósito da atividade econômica, ou seja, um tema que sempre norteou a atuação desses empreendedores. Estamos falando de um debate qualificado, no qual o desenvolvimento econômico (inclusivo e sustentável) se torna um instrumento para que a sociedade lide com as reais necessidades dos cidadãos, sobretudo os mais vulneráveis.

Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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