[:pt]NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL
Empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda.
POBREZA
A forma mais tradicional de definir pobreza é pelo nível de renda. Há diferentes definições do que é a “linha da pobreza”: USD 4, USD 2 e USD 1,25 são os valores mais comumente utilizados por instituições como Banco Mundial e ONU. Também é levada em conta a desigualdade, ou porcentagem de riqueza detida pelos mais ricos e pelos mais pobres. Porém, ser pobre é mais do que ter pouca renda disponível.
O Banco Mundial(1) define a pobreza como uma característica multidimensional, que abrange várias categorias que afetam a qualidade de vida das pessoas: renda, alimentação, consumo, moradia, saúde, educação. Amartya Sem, prêmio Nobel de Economia, tem uma definição ainda mais abrangente, de pobreza como “uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas ter renda inferior a um patamar pré-estabelecido.”(2) Nesse entendimento, reduzir a pobreza é muito mais do que aumentar o nível de renda e sim aumentar o poder de escolha do indivíduo.
CUSTO DE TRANSAÇÃO
Custo de transação é o custo em dinheiro ou tempo perdido que um comprador ou vendedor gastam no mercado, além do custo de produção, tendo em vista burocracias, dificuldades de acesso à informação (assimetrias), impostos, inseguranças e falta de garantias(3).
Para as pessoas de baixa renda – que tem difícil acesso a escolaridade, informação, redes diversificadas de pessoas, além de muitas vezes morarem em locais afastados –, o custo de transação ao adquirir produtos e serviços costuma ser maior do que para as de classes mais altas. Esse fenômeno ficou conhecido como ônus da pobreza.
ÔNUS DA POBREZA
Conhecido como poverty penalty em inglês, ônus da pobreza é o fenômeno que descreve como as pessoas mais pobres pagam mais por produtos ou serviços do que pessoas de renda média e alta. Comparando os custos de diversos itens em dois bairros de Mumbai, um bairro de periferia e um de alta renda, Prahalad (4) o autor conclui que a população de baixa renda pagava de uma a 53 vezes mais pelo acesso a itens como arroz, ligações telefônicas, água e crédito. Esse custo excessivo deve-se a monopólios locais, acesso inadequado, distribuição precária e fortes atravessadores.
VULNERABILIDADE SOCIAL
É definida como situação em que os recursos e habilidades de um dado grupo social são insuficientes e inadequados para lidar com as oportunidades oferecidas pela sociedade (5) . Caroline Moser (6) estuda a relação da pobreza com a acumulação de ativos, ou seja, recursos financeiros, humanos, naturais ou sociais que podem ser adquiridos, desenvolvidos, melhorados e transferidos. Os ativos ajudam a reduzir a vulnerabilidade social dos indivíduos.
EMPREENDEDORISMO
O conceito mais aceito de Empreendedorismo foi popularizado pelo economista Joseph Schumpeter em 1945 como sendo uma peça central à sua teoria da Destruição criativa. Segundo Schumpeter o empreendedor é alguém versátil, que possui as habilidades técnicas para saber produzir, e capitalistas ao reunir recursos financeiros, organiza as operações internas e realiza as vendas de sua empresa. (7)
Uma das definições mais aceitas hoje em dia é dada pelo estudioso de empreendedorismo, Robert Hirsch, em seu livro “Empreendedorismo”. Segundo ele, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal. A satisfação econômica é resultado de um objetivo alcançado (um novo produto ou empresa, por exemplo) e não um fim em si mesma. (8)
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
O Empreendedor Social aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferenciada. Por meio da sua atuação, ele (a) acelera o processo de mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de uma causa comum.(9)
A mudança provocada pelo empreendedor pode ser através de um modelo de negócio, mas não necessariamente, e essa é a principal diferença em relação a negócios sociais.
STARTUP
Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa em seu período inicial pode ser considerada uma startup. Outros defendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Mas há uma definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.
Apesar de curta, essa definição envolve vários conceitos:
– Um cenário de incerteza significa que não há como afirmar se aquela ideia e projeto de empresa irão realmente dar certo – ou ao menos se provarem sustentáveis.
– O modelo de negócios é como a startup gera valor – ou seja, como transforma seu trabalho em dinheiro. Por exemplo, um dos modelos de negócios do Google é cobrar por cada click nos anúncios mostrados nos resultados de busca – e esse modelo também é usado pelo Buscapé.com. Um outro exemplo seria o modelo de negócio de franquias: você paga royalties por uma marca, mas tem acesso a uma receita de sucesso com suporte do franqueador – e por isso aumenta suas chances de gerar lucro.
IMPACTO SOCIAL
Segundo Khander, Koolwal e Samad do Banco Mundial, impacto social pode ser definido como os efeitos de uma atividade no tecido social de uma determinada comunidade e suas influências no bem-estar dos indivíduos e famílias que a compõe.
INVESTIMENTO DE IMPACTO
Investimentos de impacto são investimentos feitos em empresas, organizações e fundos com a intenção de gerar impacto social e ambiental mensurável, além do retorno financeiro. Investimentos de impacto podem ser feitos tanto em mercados emergentes quanto em mercados desenvolvidos, e focam em uma gama de retornos desde abaixo de mercado até igual ao do mercado, dependendo das circunstâncias. Investidores de impacto buscam ativamente alocar capital em negócios e fundos que podem aproveitar o impacto positivo dos empreendimentos.
Uma oferta de capital que cresce rapidamente está buscando alocação em investimentos de impacto através de localidades, setores, e classes de ativos, com uma ampla gama de expectativas de retorno. O que une aqueles que operam na indústria de investimento de impacto é a convicção compartilhada de que investimentos criativos podem ter um papel crucial para abordar desafios sociais e ambientais. O interesse por esses investimentos está ativando o surgimento de uma nova indústria que opera na inexplorada área entre filantropia e um foco único em maximização de lucro.(10)
BOOTSTRAPPING
A tradução literal de bootstrap é alça de bota – aquele pedaço de couro ou tecido que fica atrás da bota e acima do calcanhar, facilitando puxá-la com as mãos na hora de calçar. O termo levantar a si próprio pelas alças da bota era usado desde o século XIX para ilustrar tarefas impossíveis, como pular uma cerca alta puxando suas próprias botas com as mãos. A metáfora de fazer o boostrapping da sua startup indica justamente esse processo autossustentável de alavancar a si próprio. No que diz respeito à empresas e negócios, podemos dizer que: Bootstrapping é o ato de iniciar uma empresa sem investimento externo, ou seja, usando os seus próprios recursos e preferencialmente pouco dinheiro.
Fontes
1. http://www.worldbank.org/en/topic/poverty
2. SEN, Amartya; Desenvolvimento como Liberdade
3. Wikipedia
4. Prahalad, 2005. The fortune at the bottom of the pyramid.
5. Miriam Abramovay et all. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina:(2002)
6. MOSER, Caroline. Reducing Global Poverty: The Case for Asset Accumulation (2007)
7. Castor, B.V,J., Zugman, F, Dicionário de Termos de Estratégia Empresarial (2009)
8. Wikipedia
9. http://www.ashoka.org.br/visao/empreendedorismosocial/
10. Fonte: www.thegiin.org (site do Global Impact Investing Network), tradução livre[:]