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Erros e acertos dos negócios de impacto social na área de saúde

Tomadas de decisão fazem parte do dia a dia dos empreendedores. Tentar, errar e corrigir o erro com agilidade e rapidez é essencial para não comprometer o crescimento do negócio. Esse processo é visto ainda como rico aprendizado na jornada empreendedora. Apesar dos desafios, empreender um negócio de impacto social, de acordo com os empreendedores, traz uma motivação extra para enfrentar as dificuldades e ajustar os erros no caminho para que o negócio cresça e ganhe escala.

Leonardo Carvalho, da ToLife, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a área de saúde releva que um dos erros cometidos em seu negócio foi a contração contratações erradas, até mesmo para posições estratégicas. “Isso afetou nosso crescimento”. Em termos de investimentos equivocados, ele destaca a internacionalização para o México, em 2011. A iniciativa comprometeu capital de giro e a operação no Brasil, já que o negócio ainda não estava “consolidado” aqui.

 

Edgard Morato, empreendedor da Saútil, buscador que ajuda a população a encontrar informações sobre a rede pública de saúde, sinaliza o emprego errado de recursos como um dos problemas enfrentados em seu negócio. Ele explica que montou uma estrutura para mostrar ao possível cliente que a empresa tinha capacidade de entrega, o que incluiu call center, escritório e show-room. Fizeram isso “acreditando que ia ser suficiente para o cliente comprar”. A lição, diz ele, é não aplicar um centavo até que o contrato esteja assinado.

Carvalho, no entanto, destaca que, apesar dos erros, o retorno sempre foi maior do que os desafios. “É um trabalho que impacta claramente a vida de várias pessoas”, considera. “Em alguns dias, você acorda triste [devido às dificuldades]. E em outros dias, volta radiante, porque a gente está quase salvando o mundo”, complementa Ramos.

Na avaliação de empreendedores, as relações com o governo demandam cautela para garantir a sustentabilidade financeira do negócio. “O principal problema é a falta de conhecimento. Não existe regulamentação”, afirma Tuca Ramos, da TEM, empresa administradora de cartões que atua na gestão e na intermediação de pagamentos em uma rede private label de prestadores de serviços de saúde e qualidade de vida. “Existe uma determinação da ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar], que diz que qualquer operação de cartão pré-pago ou cartão de desconto não é regulamentada pela agência.”

Uma das estratégias da empresa, completa Ramos, é trabalhar com organizações como a Federação Paulista dos Médicos e o Conselho Federal de Medicina, informando a classe médica e conquistando aliados.

Carvalho conta que a ToLife nasceu com a carteira de clientes totalmente composta pelo setor público. “A gente entendia que era a forma mais rápida de alavancar [o negócio] e com valor mais expressivo. Esse foi um grande erro, e a gente entendeu isso algum tempo atrás.”

Segundo ele, o governo tem “muita dificuldade na contratação de serviços”, diferentemente do setor privado. Além disso, acrescenta, a inadimplência tem impactado cada vez mais as empresas que fazem negócios com o setor público. Carvalho cita ainda o risco de continuidade do serviço com a troca de gestão. Para mitigar os riscos, a ToLife tem procurado diversificar a carteira de clientes e focar mais o setor privado.

É preciso sempre “pensar muito na sustentabilidade do negócio, principalmente quando está atuando com modelo do setor público”, destaca Morato. Para escalar o crescimento e manter o negócio sustentável, a Saútil buscou empresas e instituições que financiassem a implementação do serviço nos municípios. “A gente começou com investimento privado, mas são projetos pontuais.”

Algumas entidades privadas estão financiando ações no setor público, destaca Carvalho. “É um caminho interessante porque essa instituição tem recursos para investir. É um grande nicho para a gente explorar no Brasil”.

Ramos, contudo, diz que a desaceleração da economia e o aumento do desemprego podem trazer oportunidades para quem trabalha na área de saúde. Muitas pessoas que estão fora do mercado de trabalho, perderam seus planos de saúde, mas “não vão voltar para o SUS”. “Temos projeção de terminar o ano com 15 mil usuários e 2016 com 200 mil usuários pela nossa força comercial.”

 

Este conteúdo foi apresentado no evento “Ecossistema de Saúde de Alto Impacto Social no Brasil’, realizado em outubro de 2015 pela ARTEMISIA, Instituto Sabin e ANDE.

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