OS PRINCIPAIS DESAFIOS QUE A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE ECONÔMICA NO BRASIL ENFRENTA NO TEMA E COMO NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL PODEM TRAZER MELHORIAS ÀS VIDAS DESSAS PESSOAS.
Fazer download“O trabalho decente é um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna”
(OIT/ONU)Empregabilidade é um tema urgente. Vivemos em uma sociedade que ainda não é capaz de garantir iguais oportunidades de educação, qualificação e emprego digno para todos e todas. Somado a isso, vemos emergir um novo mercado de trabalho que tende a agravar o abismo da desigualdade social no Brasil, se não agirmos a respeito no presente.
Tendo como foco a população em situação de vulnerabilidade econômica - que é desproporcionalmente afetada pelos problemas da empregabilidade no país - nós da Artemisia, com o apoio da Potencia Ventures, elaboramos a Tese de Impacto Social em Empregabilidade. O estudo reúne informações sobre os desafios da temática no Brasil e identifica as oportunidades para negócios de impacto social que possam complementar ou qualificar as ofertas públicas, podendo assim apoiar a redução das desigualdades e trazer melhorias às vidas dessas pessoas.
Download gratuito aquiEmpregabilidade não é apenas ter um emprego, mas sim ter e manter-se em um bom trabalho. É a habilidade de acessar e manter-se em um trabalho remunerado, que atenda necessidades pessoais, de segurança financeira e de progredir profissionalmente.
Ter um trabalho é uma forma de estar inserido na sociedade. Uma ocupação rentável amplia o acesso a produtos e serviços associados à saúde, entretenimento, crescimento cultural e interação social. Tem relação, ainda, com bem-estar e autorrealização.
O trabalho decente é uma condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.
Desde 1948, o trabalho é considerado um direito humano: todos e todas têm direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, à uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, sem qualquer distinção. Atualmente, o trabalho decente faz parte de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU:
Em perspectiva mundial, ainda enfrentamos o desafio de gerar desenvolvimento
socioeconômico sustentável, com emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos(as).
+ 192 milhões de pessoas estão desempregadas no mundo.
+ 60% dos trabalhadores(as) estão no mercado informal.
Fonte: OIT, 2018
+ 1,4 bilhão de trabalhadores(as) estão em empregos vulneráveis.
430 milhões de trabalhadores(as) de países emergentes e em desenvolvimento vivem com rendimentos entre US$ 1,90 e US$ 3,10 por dia.
+ 192 milhões de pessoas estão desempregadas no mundo.
+ 1,4 bilhão de trabalhadores(as) estão em empregos vulneráveis.
+ 60% dos trabalhadores(as) estão no mercado informal.
430 milhões de trabalhadores(as) de países emergentes e em desenvolvimento vivem com rendimentos entre US$ 1,90 e US$ 3,10 por dia.
Fonte: OIT, 2018
No Brasil, o acesso à educação, à qualificação profissional e às oportunidades dignas e justas de trabalho estão muito distantes do que seria o ideal. Indo além do momento econômico, esta realidade reflete uma história de forte desigualdade e baixa mobilidade social.
seriam necessárias para que os descendentes de um(a) brasileiro(a) entre os 10% mais pobres atingissem o nível médio de rendimento do país.
(OCDE, 2018)
Das 106 milhões de pessoas que compõe a força de trabalho no país:
12,7 milhões (12%) estão desempregadas e 7,3 milhões estão subocupadas (6%) por trabalharem horas insuficientes.
(IBGE, 2019)
47,4% das vagas do Sistema Nacional de Emprego (SINE) não são preenchidas por falta de profissionais qualificados.
(Ministério do Trabalho e Emprego, 2019)
Os fatores que impedem o acesso ao emprego digno e de qualidade para uma grande parcela da população são diversos e multidimensionais. A trajetória profissional e pessoal é composta por distintos momentos: a educação infantil, educação básica, a qualificação profissional, a candidatura e aquisição da ocupação, a manutenção na ocupação; a readmissão ao emprego, entre outros.
Nem todas as pessoas passam por esses momentos e na mesma sequência, assim como o poder de escolha e as oportunidade profissionais podem ser diferentes e limitadas por diversos fatores que, muitas vezes, estão sobrepostos.
Compreender a influência desses fatores na empregabilidade das pessoas em situação de vulnerabilidade econômica apoia a visibilidade das barreiras existentes, assim como as reais necessidades dessa população no tema.
Em média, uma pessoa com ensino superior completo tem remuneração 5,7 vezes maior em comparação a uma pessoa sem estudos.
Sem anos de estudos 859,81
Até fundamental completo 1.339,91
Ensino médio incompleto 1.365,43
Ensino médio completo 1.823,34
Ensino superior incompleto 2.217,82
Ensino superior completo 4.911,66
A falta de acesso à educação de qualidade é um dos grandes desafios que enfrentamos hoje em nossa sociedade. O desenvolvimento de competências - o conjunto de habilidades que envolve diversos aprendizados cognitivos, técnicos e socioemocionais - é fundamental para empregabilidade. A avaliação dessas competências é a principal barreira ao primeiro emprego, impacta na qualidade e no rendimento no trabalho e é a principal causa de demissões e dificuldade de readmissão.
Ensino superior
Ensino médio
Ensino básico
36% dos alunos que completaram o ensino médiona rede pública entraram numa faculdade. O percentual dos alunos da rede privada é 79,2%.
(IBGE, 2018)
56% dos alunos que ingressam na faculdade não se formam no curso.
(MEC, 2010)
11,8% dos jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola e 36,5% dos brasileiros de 19 anos ainda não concluíram o ensino médio.
(PNAD, 2018)
3 em cada 10 brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas, e por isso, são considerados analfabetos funcionais.
(INAF Brasil, 2018)
3 em cada 10 brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas, e por isso, são considerados analfabetos funcionais.
(INAF Brasil, 2018)
11,8% dos jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola e 36,5% dos brasileiros de 19 anos ainda não concluíram o ensino médio.
(PNAD, 2018)
36% dos alunos que completaram o ensino médiona rede pública entraram numa faculdade. O percentual dos alunos da rede privada é 79,2%.
(IBGE, 2018)
56% dos alunos que ingressam na faculdade não se formam no curso.
(MEC, 2010)
No Brasil, o acesso a boas qualificações esbarra em barreiras financeiras. A maioria das famílias brasileiras não tem renda suficiente para acessar as melhores oportunidades de qualificação, que interfere no futuro profissional de um grande contingente de pessoas, sobrando-lhes apenas os empregos de baixa remuneração, em que a possibilidade de crescimento salarial é pequena.
Os jovens são os que enfrentam maior dificuldade para inserção no mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2017, no auge da crise econômica, jovens entre 18 e 24 anos tinham uma taxa de desocupação de 27,3% - mais do que o dobro da taxa geral brasileira.
Ou seja, mais que:
jovens estavam sem trabalho
afirmam que exigência de experiência anterior é a maior barreira na hora de arranjar o primeiro emprego.
(McDonald´s e Trendsity)
Muitas vagas de empregos tendem a ser preenchidas por indicação ou recomendação. A forte segmentação social no Brasil dificulta que indivíduos de baixa renda tenham oportunidades de estabelecer redes sociais fora deste segmento. Com isso, essas pessoas são afetadas pela falta de ‘capital social’, rede de relacionamentos que pode ser utilizada para iniciar e construir uma carreira profissional. Ou seja, o capital social de um indivíduo não favorece o acesso a melhores oportunidades profissionais, incluindo a 1ª oportunidade de emprego.
“Parece que estou andando em círculos. Não me contratam, por não ter continuado estudando, e não consigo fazer faculdade, por não ter emprego.”
Jovem desempregada, 18 anos
(entrevistada Estado de S. Paulo)
“Eu me sinto como se fosse um pedinte (...)
Parece um esforço em vão, porque não tem retorno.”
Jovem desempregado, 23 anos
(entrevistado G1)
As escolhas do jovem em situação de vulnerabilidade socioeconômica se mostram escassas. O mercado de trabalho formal possui barreiras para a entrada de jovens sem experiência e a necessidade de renda faz com que muitos jovens busquem trabalhos informais:
dos novos empregos dos jovens são no mercado informal
(Valor Econômico, 2019)
O histórico de negativas recebidas em entrevistas de emprego faz com que muitos brasileiros e brasileiras em situação de vulnerabilidade fiquem sem ocupação e sem opção, e por isso, acabam no mercado informal.
estão em trabalhos informais.
(IBGE. Síntese de Indicadores Sociais, 2017)
Os trabalhadores informais não têm direito às garantias oferecidas aos trabalhadores formais pelas leis brasileiras.
Esses trabalhadores sofrem com:
causadas, por exemplo, pelo afastamento por motivos de saúde ou pela diminuição da remuneração em épocas de crise.
na informalidade chega a ser de 60% entre autônomos com e sem CNPJ.
Fora da formalidade, esses trabalhadores têm menos direitos e garantias. Profissionais com carteira de trabalho assinada têm garantido o acesso a direitos como:
Salário-mínimo
Férias anuais remuneradas
Seguro-desemprego formal
Além disso, tanto trabalhadores formais quanto autônomos formalizados (ex.: MEI) contribuem para o INSS/Previdência Social, garantindo o acesso a benefícios previdenciários como aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio doença, e salário-maternidade.
Trabalhar a diversidade é uma correção de injustiças, além de uma oportunidade para os negócios. Diversidade não se limita ao simples fato de colocar pessoas diversas para trabalharem juntas.
Trata-se de incluí-las e buscar equidade entre as diferenças e similaridades entre seres humanos e profissionais. Apesar da importância, ainda existe um caminho a ser percorrido para termos um cenário realmente diverso e inclusivo dentro do ambiente de trabalho, reflexo de preconceitos e vieses inconscientes ainda muito presentes na sociedade.
Somado aos diversos fatores sobrepostos que impedem que uma parcela da população tenha iguais oportunidades para um emprego digno, os vieses inconscientes aprofundam ainda mais as dificuldades de acesso e ascensão dessas pessoas no mercado de trabalho.
Conjunto de estereótipos, ideias preconcebidas, aprendizados passados de geração para geração, ensinamentos – por vezes equivocados – que se transformam em realidade apenas em nossa mente.
Especialista em sustentabilidade e diversidade da Gestão Kairós
Os processos seletivos ainda tendem a dar preferência ao mesmo perfil de candidatos: o perfil de quem já está inserido no mercado. As áreas de recursos humanos são, em sua maioria, compostas de pessoas brancas, que muitas vezes não acessam redes de contatos mais diversas. Os vieses os levam a selecionar profissionais muito parecidos com seu próprio perfil, o que prejudica a inserção de minorias, públicos vulneráveis e pessoas com trajetórias não convencionais.
O desemprego entre negros(as) é historicamente mais alto: 64,3% estão desempregados, em comparação com os 34,7% de brancos(as). E entre as maiores empresas do país, negros estão presentes em apenas 6,3% dos cargos de gerência.
(IBGE, 2019 /(Perfil Social, Racial e De Gênero Das 500 Maiores Empresas Do Brasil e Suas Ações Afirmativas, 2016)
Apenas 2% do quadro de funcionários das maiores empresas do país é composto por PDC, sendo que apenas 3 pessoas são de nível executivo nas corporações.
(Perfil Social, Racial e De Gênero Das 500 Maiores Empresas Do Brasil e Suas Ações Afirmativas, 2016)
As brasileiras apresentam vantagem educacional e são maioria da população em idade para trabalhar, o que não reflete no progresso de carreira: o rendimento médio das mulheres ocupadas entre 25 e 49 anos de idade é 79,5% do recebido pelos homens.
(IBGE, 2018)
A comunidade LGBTQ+ ainda enfrenta discriminação no mercado de trabalho, seja na inserção ou ascensão de suas carreiras. Atos de exclusão e discriminação ainda são comuns e somente 32% afirmam se sentir acolhidos em suas empresas atuais.
(Pesquisa LinkedIn, 2019)
Moradores da periferia tem acesso à 100x menos vagas de trabalho em comparação a moradores de regiões centrais e muitas vezes são preteridos em processos seletivos apenas pelo seu endereço.
(USP/Projeto ReSolution, 2019)
A capacidade de mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para se relacionar com os outros e consigo mesmo, assim como estabelecer e atingir objetivos e enfrentar situações adversas de maneira criativa e construtiva. Essa é a definição utilizada pelo Instituto Ayrton Senna para descrever o que são as competências socioemocionais.
Historicamente, os sistemas educacionais focaram em habilidades cognitivas. Porém, estudiosos da educação defendem hoje que as competências cognitivas e socioemocionais estão intimamente ligadas ao desenvolvimento integral do ser humano e, portanto, desenvolvem-se de forma conjunta.
Existe uma lacuna de profissionais qualificados nessas competências, seja para selecionar ou ser selecionado para as vagas de emprego. Competências socioemocionais impactam diretamente na manutenção de empregos e desempenho de funcionários.
O investimento nessas habilidades pode gerar retornos sociais e econômicos substancial:
no desenvolvimento de competências socioemocionais
(Columbia University)
A maior presença e sofisticação da automação em todos os setores da economia deve reduzir o custo de empreender, tornar treinamentos mais acessíveis e aumentar ainda mais o foco em competências socioemocionais e tecnológicas. A tecnologia também deve levar à extinção de algumas ocupações e causar o surgimento de novas, requerendo qualificação.
CERCA DE
podem ser automatizadas em algum grau. No Brasil, isso representa até 30 milhões de vagas formais
(McKinsey, 2017)
“75% das crianças que estão hoje em escola primária vão trabalhar em empresas que ainda não existem. Desenvolver essas competências (socioemocionais) pode ajudá-las a descobrir como trabalhar no futuro. Além do benefício individual, há um ganho para a sociedade”
Especialista em educação
de novos postos de trabalho
devem surgir no mundo
entre 2016 e 2030
(Projeção McKinsey)
Para a empregabilidade do futuro, a medida em que funções cognitivas são automatizadas, vamos ser mais chamados a fazer julgamentos e tomar decisões. A capacidade de interagir com a tecnologia vai crescer em importância, assim como interagir com outros seres humanos também se tornará uma habilidade mais necessária e crítica.
Diante dos desafios que nos deparamos no tema de empregabilidade - e do papel fundamental do emprego na vida das pessoas - vemos a necessidade urgente de ações conjuntas de diferentes atores de nossa sociedade para trazer mudanças positivas neste cenário.
Acreditamos que negócios de impacto social - por nascerem com a intenção de oferecer produtos/serviços focados na resolução de problemas da nossa sociedade - podem amenizar parte de alguns desses desafios com soluções inovadoras e acessíveis ao qualificar ou complementar as ofertas públicas, trazendo mais acesso e qualidade de vida a brasileiros e brasileiras em situação de vulnerabilidade econômica.
Quer ver a versão completa com todas as oportunidades?
Baixe o estudo na íntegra aqui
Tá ansioso(a) para já ver as oportunidades?
Confira aqui embaixo a versão resumida
Proporcionar o desenvolvimento de competências cognitivas dos(as) estudantes - diminuindo a evasão escolar - e suprir a defasagem de competências em jovens e adultos.
São oportunidades:
Capacitar candidatos(as) e profissionais para enfrentarem as mudanças no mercado de trabalho, com competências como pensamento crítico, empatia, criatividade, estabilidade emocional e resiliência.
São oportunidades:
Capacitar candidatos(as) e trabalhadores(as) em competências técnicas – como idiomas, tecnologias, empreendedorismo, etc. – necessárias à atividade profissional e que sejam um diferencial competitivo no mercado de trabalho.
São oportunidades:
Preparar jovens para o acesso ao ensino superior de qualidade e auxiliar na permanência e inclusão após o ingresso.
São oportunidades:
Possibilitar melhores escolhas profissionais e planejamento de carreira para jovens ingressarem e se firmarem no mercado de trabalho.
São oportunidades:
Qualificar os processos seletivos para garantir maior equidade de oportunidades e possibilitar a inclusão e o crescimento na carreira de minorias e grupos vulneráveis.
São oportunidades:
Proporcionar aos adultos desempregados requalificação para novas oportunidades e, para os que estão trabalhando, possibilidade de atualização e permanência no mercado de trabalho.
São oportunidades:
Proporcionar melhores oportunidades pessoais e profissionais a trabalhadores(as) informais, por meio da capacitação, formalização e apoio.
São oportunidades:
Facilitar a obtenção de crédito e financiamento com taxas acessíveis para investimento em qualificação profissional e/ou alavancagem de profissionais.
São soluções: