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Um norteador da atuação dos empreendedores de negócios sociais tem sido a visão de que devem contribuir para uma transformação sistêmica na relação entre negócios, pessoas e ambiente. Com essa perspectiva, esses negócios trouxeram para o ecossistema um pluralismo e uma diversidade essenciais para a construção de uma sociedade mais igualitária, sobretudo por enxergar a potência de negros, mulheres, pessoas maduras, periferias e diferentes estratos sociais.
Ao mesmo tempo em que o empreendedorismo ganhou novos contornos e papéis sociais, as aceleradoras e organizações de apoio ao empreendedor devem se reinventar à luz de demandas contemporâneas urgentes. Fortalecer e repensar os modelos adotados pelo ecossistema é uma prática que não podemos abandonar, sobretudo diante da missão de fomentar um ecossistema que enderece os enormes desafios da desigualdade social.
É por isso que, quando organizamos estímulos de apoio ao empreendedorismo social, não podemos nos fixar na ideia de fornecer somente o aporte financeiro, pois ele nem sempre é o suficiente. A pandemia nos mostrou que um dos desafios — a ser enfrentado pelas aceleradoras e organizações de apoio ao empreendedor — é criar formas para incluir conhecimento e rede de apoio nos programas. Ou seja, criar mecanismos que propiciem uma jornada de suporte para além do capital, curso ou da aula.
A demanda é por uma série de ajudas que vão acompanhar o empreendedor e a empreendedora em diferentes estágios do negócio — da ideação à consolidação de um plano de crescimento. Iniciativas, inclusive, que respeitem as particularidades de territórios, idades, gêneros e formas de vivenciar a prática empreendedora.
Na Artemisia, nos processos de aceleração que conduzimos, observamos que muitos micros e nanoempreendedores, em especial os de territórios de periferia, estão sempre ocupados na gestão da sobrevivência diária e não recebem um apoio qualificado para que desenvolvam uma mentalidade de crescimento, ou seja, uma forma de pensar a expansão do negócio. Essa percepção nos norteia a ir além no desenvolvimento de processos de seleção para aceleração e nas alianças e coalizões que fazemos em prol do empreendedorismo social.
E por que é tão importante apoiarmos o empreendedor nesse pensar no crescimento? Essa resposta requer uma visão mais ampla do contexto. Com a pandemia, vimos muitos empreendedores preocupados não apenas com a própria empresa, mas com as pessoas do entorno, as que trabalham com eles.
Esse comportamento mostra que não são somente empreendedores, mas desempenham um importante papel nos próprios territórios nos quais vivem e atuam profissionalmente. Com isso, temos — nós, organizações do ecossistema empreendedor — que criar mecanismos de ajuda tanto para apoiar a esfera física quanto a jurídica dessa pessoa.
Costumo dizer que empreender é um fenômeno, um experimento. E, justamente por essa característica de experimentação, requer um pensar inovador constante; demanda sempre questionarmos como podemos nos superar na construção de novos futuros possíveis.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
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