Artemisia

Edtech de impacto atua com a inclusão produtiva de refugiados

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Foto: Divulgação/Diogo Nogueira

Cursos da plataforma Toti Diversidade são on-line e gratuitos, abarcando as áreas de análise de dados, programação, front-end e back-end

A primeira plataforma brasileira de ensino e inclusão de refugiados e imigrantes no mercado de trabalho — nas áreas de tecnologia — nasceu no Rio de Janeiro, dentro da incubadora do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet).

Criada em 2017, a Toti Diversidade é uma iniciativa de cinco alunos da graduação — Bruna Amaral, Caio Rodrigues, Diogo Nogueira, Eduardo Caldeira e Giulia Torres –, que desenvolveram uma solução tecnológica para endereçar o desafio da empregabilidade de refugiados no Brasil.

Em conversa com a empreendedora Bruna Amaral, ela conta que a motivação inicial foi entender quais eram as dores dos refugiados e como poderiam criar uma solução tecnológica para o problema. Os diálogos com as comunidades, como a congolesa, mostraram que entre os principais desafios estavam a documentação e a revalidação do diploma, além da empregabilidade.

“O deslocamento forçado e desesperado do país de origem fez com que essas pessoas saíssem sem dinheiro ou identificação”, conta Bruna.

A partir do diagnóstico, os empreendedores desenvolveram uma solução que tem no cerne de atuação a oferta de formação profissionalizante capaz de dar oportunidade de ingresso quase imediato no mercado formal de trabalho.

Para se ter uma ideia do perfil dos refugiados que chegam ao país, o índice de pessoas com qualificação de ensino superior é de 34%, segundo o levantamento Perfil socioeconômico dos Refugiados no Brasil (UNHCR ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, 2019). Essa característica faz com que a área de tecnologia seja bastante viável para a inclusão laboral. Do outro lado, trata-se de um setor com muitas vagas disponíveis.

Um levantamento conduzido pela Toti Diversidade mostra que 43% dos refugiados atendidos têm ensino superior completo e 9% pós-graduação. São pessoas de 41 nacionalidades; bilíngues (43%), trilíngues (42%) e poliglotas (10%); engenheiros e médicos, entre outras profissões, e com um enorme potencial de contribuir com o Brasil.

“Definimos que a nossa causa seria atuar para aumentar a empregabilidade dessa população via formação em tecnologia.”

Ainda hoje, essa é uma área bastante embranquecida e formada majoritariamente por homens. Entendemos que a atuação da Toti Diversidade responderia, também, à demanda de olhar para os recortes de raça, gênero e comunidades LGBTQIAP+. Na questão da diversidade e do gênero, 66% dos beneficiários são pessoas pretas ou pardas e 45% são mulheres”, conta Bruna, acrescentando que o propósito é inspirar a mudança na vida dos refugiados por meio da tríade educação, diversidade e tecnologia.

Os cursos da plataforma de ensino são inteiramente on-line, gratuitos e atingem todo o território nacional, abarcando as áreas de análise de dados, programação, front-end e back-end. O negócio de impacto conta com um programa de carreira com conteúdos voltados para o mercado de trabalho nacional; Toti para Empresas, por sua vez, envolve soluções customizadas para as companhias.

Em julho deste ano, a Toti inaugurou uma plataforma de empregabilidade para facilitar o match entre candidatos e recrutadores. Os alunos formados nos cursos de tecnologia podem se cadastrar para que recrutadores acessem informações como habilidades técnicas, história de vida, formação acadêmica, experiência profissional e idiomas — além do desempenho durante as formações da Toti.

Dessa forma, as empresas que procuram por esses profissionais conseguem filtrar candidatos por diversidade, analisar a compatibilidade deles com as vagas e entrar em contato diretamente para que participem do processo seletivo. Para ter acesso, o interessado deve entrar na seção “Contrate Talentos” no site da Toti.

As visões de futuro envolvem ampliar o processo de digitalização da plataforma para potencializar a automatização da jornada do estudante. Como uma edtech de impacto social, a Toti Diversidade mira em escalar os seus números: o negócio já impactou mais de mil pessoas diretamente e mais de três mil indiretamente, trabalhando com 41 nacionalidades em todo o Brasil e gerando aumento médio de renda para os profissionais contratados de 200%.

*Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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