Artemisia

Desigualdade: visões do Brasil e do mundo

[ Foto: Arquivo Artemisia / Créditos Marco Torelli ]

Livro “Desigualdades: visões do Brasil e do mundo” discute combate real das distorções socioeconômicas

Para os empreendedores de impacto, investigar as raízes dos problemas sociais e ambientais é essencial para construir modelos de negócios com produtos e serviços alinhados ao combate real das distorções socioeconômicas no país.

Sob essa perspectiva, um dos livros que traz insumos consistentes sobre a temática é “Desigualdades: visões do Brasil e do mundo”, publicado pela Hucitec Editora e apoiado pela OXFAM Brasil — organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 2014 e que atua em quatro áreas: justiça rural e desenvolvimento; justiça social e econômica; justiça racial e de gênero; e justiça climática e Amazônia.

Organizada por Fernando Augusto Mansor de Mattos, João Hallak Neto e Fernando Gaiger Silveira — e prefaciada por Luiz Gonzaga Belluzzo –, a obra traz o tema desigualdades para o centro do debate, dando a ele o status de uma das grandes questões a serem enfrentadas no mundo contemporâneo. Nos capítulos, ensaios que trazem o caráter histórico-estrutural, econômico, social e político das desigualdades pela ótica de autores nacionais e internacionais.

Uma das contribuições do livro, na minha opinião, é colocar em evidência a urgência de aprofundar o entendimento sobre as desigualdades por meio de elaborações teóricas e metodológicas. E, a partir desse mergulho, discutir possibilidades concretas de mudança em direção a uma sociedade mais equânime, sobretudo de oportunidades.

Entre os autores internacionais destacados na primeira parte do livro — dedicada à visão da problemática no mundo –, estão James Galbraith (A insustentabilidade da desigualdade); Thomas Piketty e Emmanuel Saez (Desigualdade no longo prazo); e Angus Deaton (Desigualdade e o futuro do capitalismo).

A segunda parte da obra é dedicada à visão do Brasil e traz ensaios como “Heranças históricas da desigualdade no Brasil: um debate entre o estruturalismo e a nova economia institucional” (Alexandre Macchione Saes) e “Desigualdade de gênero no Brasil: os recuos em marcha lenta” (Luana Passos e Dyeggo Rocha Guedes).

No Brasil, uma das sociedades mais desiguais do mundo, mergulhar no tema é extremamente relevante e urgente.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a pobreza atinge 31,6% dos brasileiros; em termos absolutos, o número de pessoas consideradas pobres é de 67,8 milhões (Censo 2022). O levantamento sinaliza que a pobreza e a extrema pobreza atingem mais crianças e jovens: 49,1% da população com até 14 anos era considerada pobre no ano passado; a extrema pobreza, por sua vez, atingiu 10% das nossas crianças e adolescentes na mesma faixa etária.

Em um período do ano em que costumamos analisar as nossas jornadas empreendedoras até aqui e repactuar combinados pessoais e profissionais, acredito que essa e tantas outras leituras sejam aliadas de importantes reflexões.

Os desafios sociais do país são mais do que complexos — e demandam novos arranjos institucionais para atuação efetiva. Diante disso, os negócios de impacto somados ao trabalho de organizações da sociedade civil, governos e empresas são peças importantes de uma engrenagem que emerge como uma alternativa concreta para a mudança do país.

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