As aceleradoras de negócios com impacto social estão começando a emergir no Brasil e a ganhar força em territórios como a África e a Ásia. Nos últimos cinco anos, um grupo de organizações internacionais tem se dedicado a fomentar o chamado setor de “investimento de impacto”, em que os investidores podem aplicar seu capital em busca de objetivos sociais e ambientais e, ao mesmo tempo, obter retorno financeiro.
Embora esse setor tenha realmente crescido globalmente, assim como o fluxo de capital direcionado a ele, muitos investidores reclamam de que existem poucos negócios sociais prontos para receber aportes. Eles acham extremamente difícil encontrar empresas que buscam crescer para ter viabilidade financeira, impactar as pessoas que mais precisam e influenciar todo o mercado no qual elas operam. Também sentem falta de modelos de negócio que tenham potencial para alcançar uma escala relevante.
O potencial de escala de um negócio de impacto social é avaliado em três pontos:
1 – a capacidade de produzir e entregar um produto ou serviço que atenda a uma necessidade crítica das pessoas de baixa renda. Esse produto ou serviço deve ser economicamente melhor ou criar mais impacto social do que o que já está disponível no mercado ou por meio de doações;
2 – seu modelo de negócio deve ser claro e demonstrar capacidade de gerar receita operacional e de cobrir seus custos operacionais em um período de tempo razoável (alguns fundos trabalham com o prazo de, no máximo, cinco anos);
3 – a demonstração de uma estratégia clara para seu produto ou serviço ganhar escala e atingir milhares de pessoas – os consumidores finais de baixa renda – e para que o negócio se posicione como um líder de mercado no setor em que atua.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Rockefeller, em colaboração com a consultoria Monitor Deloitte e a Rede Ande, apontou os ingredientes-chave de que as empresas precisam para atingir escala. Para alcançar a viabilidade e a sustentabilidade, é preciso ter conhecimento técnico, visão de negócios, financiamento e fortes redes de acesso a financiadores, mentores e parceiros.
À medida em que uma empresa com impacto social cresce, geralmente precisa, como qualquer outra, obter o tipo certo de financiamento, atrair pessoas talentosas, alcançar seus clientes e acessar pessoas e organizações que possam ajudá-la a adaptar seu modelo de negócio para cada fase de desenvolvimento. Todos esses desafios são somados a outros muito mais complexos, inerentes a quem trabalha visando impacto social positivo para a baixa renda.
INOVAÇÃO NAS ACELERADORAS
Algumas organizações estão enfrentando esses desafios de formas inovadoras. Por meio de apoio ou investimento direto em aceleradoras (ou criando as suas próprias), elas começam a imaginar e combinar as práticas existentes de novas maneiras. A pesquisa da Fundação Rockefeller mostra que as aceleradoras estão singularmente posicionadas para fazer a ponte entre as empresas e os investidores.
Empreendedores que participaram da Aceleradora da ARTEMISIA em 2013.
A pesquisa também aponta que aceleradoras e outras desenvolvedoras ou plataformas de crescimento de empresas que ajudam a escalar os negócios de impacto estão estrategicamente posicionadas para suprir a lacuna entre os negócios com necessidades específicas e os provedores de serviços, recursos financeiros e redes que podem ajudar o empreendedor.
Do ponto de vista da construção de um novo setor de negócios, essas aceleradoras são plataformas inovadoras que desempenham um papel essencial para explorar modelos de negócios que possam funcionar em grande escala para atingir as pessoas que mais precisam.
Elas necessitam de apoio financeiro para se sustentar (pouquíssimas são rentáveis ou contam com subsídios governamentais e doações), pesquisas para aprimorar suas metodologias de capacitação aos empreendedores e recursos para avaliar e monitorar o desempenho das empresas aceleradas, tanto em termos de crescimento do negócio como de impacto social.
As aceleradoras funcionam como laboratórios de inovação e são fundamentais para o fomento de negócios de impacto social. A inovação contínua é um ponto crítico para chegarmos a soluções viáveis para enfrentar as grandes mazelas sociais, e a exploração de modelos com escala é realmente necessária para acelerar o impacto desses negócios no mundo.
*Artigo publicado originalmente no site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios.