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Artemisia e Grupo Gaia lançam instrumento financeiro inovador para financiar o crescimento de negócios sociais

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Certificado de Recebíveis (CR) estruturado pela Artemisia e pelo Grupo Gaia — apelidado de Certificado de Recebíveis de Investimento de Impacto Ambiental e Social — o CRIIAS é um instrumento que se propõe a ser uma forma inovadora de dar crédito de longo prazo para empresas de pequeno e médio porte com foco em geração de impacto positivo. A proposta é beneficiar empreendedores sociais que hoje não são atendidos pelo mercado tradicional de capitais.

A primeira série do Certificado de Recebíveis captou R$ 9 milhões e os negócios sociais que estão recebendo os recursos são Redação Online, Estante Mágica, Portal Telemedicina e MeuChapa. Com o recurso recebido, a projeção é que, juntos, os quatro negócios impactem mais de cinco milhões de pessoas no Brasil, ao longo do período do investimento recebido.

Agosto/23

Créditos: @cauediniz

Artemisia e o Grupo Gaia anunciam uma parceria inédita para financiar o crescimento de negócios sociais. Juntas, as organizações lançaram um Certificado de Recebíveis de Impacto Ambiental e Social — apelidado de CRIIAS — dedicado a financiar a ampliação de impacto socioambiental positivo por meio de uma forma inovadora que viabiliza a concessão de crédito de longo prazo para negócios com potencial de impacto positivo.

O lançamento representa uma nova fonte de recursos para empreendedores sociais ao ofertar acesso a um financiamento via mercado de capitais. A articulação foi conduzida como uma operação de securitização de mercado de capitais, seguindo o rito automático de distribuição de valores mobiliários da Resolução CVM 160 (que estabelece novas regras para as ofertas públicas de investimento no país, buscando dar mais flexibilidade ao processo).

A iniciativa consistiu na definição dos lastros — operações de crédito aos negócios sociais — a serem securitizados além da estruturação financeira e jurídica do CR e, também, a distribuição dos certificados de recebíveis para investidores profissionais. A primeira série captou R$ 9 milhões, que estão sendo destinados aos negócios sociais Redação Online, Estante Mágica, Portal Telemedicina e MeuChapa.

Para viabilizar o CRIIAS, a Artemisia atuou no mapeamento e na seleção dos negócios, na condução do processo de due diligence de crédito, na confecção do relatório de investimento, no apoio, na estruturação financeira do instrumento e dos lastros — além do suporte à captação de investidores no processo de roadshow. A organização será responsável, nos próximos anos, pela gestão de portfólio, apoiando os negócios investidos e acompanhando tanto o impacto gerado quanto a performance financeira ao longo do período do investimento.

O Grupo Gaia, por sua vez, liderou o comitê de investimentos do CRIIAS, atuou na estruturação, emissão e distribuição do valor mobiliário. De acordo com as organizações responsáveis pelo CRIIAS, esse é um título de sete anos, com remuneração-alvo de CDI + 2% ao ano ao investidor (fundos de investimento de impacto e pessoas de alta renda); a data de vencimento é 2030.

O anúncio da Artemisia e do Grupo Gaia representa uma novidade no panorama de financiamento de negócios sociais no país. Até então, o mecanismo mais acessível e conhecido aos empreendedores do ecossistema de startups de impacto era o equity — que ainda tem um papel bastante relevante.

No entanto, o CRIIAS se junta a outras estruturas de crédito com capital paciente, abrindo uma nova possibilidade para o empreendedor — que não ganha um sócio, mas recebe um investimento no formato de empréstimo para trazer fôlego, agilizar o crescimento e ampliar o impacto positivo do negócio. Na prática, uma forma inovadora de conceder crédito aos empreendedores de impacto, que não são atendidos normalmente pelo mercado de capitais, somente por bancos e com empréstimos com prazos mais curtos e mais caros.

Disseminar uma cultura de incluir o impacto na equação risco versus retorno é fundamental. Na análise de Luciano Gurgel, diretor-executivo da Artemisia, o Brasil vive a segunda onda dos investimentos de impacto. “Na primeira, o equity reinou; hoje, há uma visão crescente sobre a importância da complementaridade entre esse mecanismo e o de dívida quando o assunto é acesso a capital por parte dos negócios sociais. Concretizar essa visão é parte da missão de sermos os construtores de uma egrégora de impacto positivo. A Artemisia fomenta negócios de impacto no Brasil desde 2005 com foco em contribuir com a resolução de problemas sociais e ambientais”, afirma o executivo, acrescentando que o veículo foi desenhado para crescer e expandir o apoio a mais empreendedores.

“Longe de ser uma oportunidade, os negócios de impacto são uma necessidade do país. A proposta está alinhada ao conceito de investimento com legado, ou seja, o investidor está aportando capital no mercado de impacto, que potencializará a transformação positiva de soluções criadas por empreendedores sociais que atuam em áreas como saúde, educação, inclusão produtiva, inclusão financeira, geração de renda, entre outras”, finaliza.

Para João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia, esse título traz algumas inovações, começando pelo fato de possibilitar que negócios sociais — que individualmente não teriam tamanho para acessar o mercado de capitais –, em conjunto, passem a conseguir participar dessa emissão.

“Do lado dos investidores, é uma oportunidade de fomentar o ecossistema de impacto, em uma estrutura robusta e com impacto mensurável. E quem realmente ganha é a sociedade, por conta dos impactos sociais causados por esses negócios”, analisa.

Na visão do CMA, escritório que estruturou a operação, apesar dos desafios jurídicos, trata-se de um verdadeiro marco no financiamento de projetos de impacto no país. Isso porque a operação aproveita todo um novo arcabouço jurídico que foi implementado no Brasil recentemente, como as novas regras da Resolução CVM 160 e a lei que criou os CRs. Essa última representou um avanço significativo nas operações de securitização, ampliando esse mercado para além de operações imobiliárias e no agro, possibilitando estruturas para indústrias como saúde e educação — o que foi feito com os CRIIAS.

Juca Andrade, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, comenta que um produto como o CRIIAS oferece mais uma oportunidade de diversificação para os investidores, ao mesmo tempo que une o olhar financeiro a grandes propósitos.

“A B3 tem entre seus compromissos a indução de melhores práticas ESG no mercado de capitais e sempre apoia a disseminação de produtos capazes de gerar impactos positivos para a sociedade”, aponta Andrade.

A expectativa é que as empresas investidas cresçam e ampliem o impacto positivo que geram a partir do apoio dos especialistas e do recurso aportado, dentro de uma lógica do smart money — que combina acesso a recursos e apoio estratégico. Com esses aportes, a estimativa é que essa primeira série do CRIIAS, por meio da atuação das quatro empresas, impacte 5,7 milhões de pessoas nos próximos anos.

NEGÓCIOS INVESTIDOS

:: REDAÇÃO ONLINE ::
Florianópolis (SC)

Fundado em 2016 pelo professor Otávio Pinheiro — bacharel e mestre em História, Sociologia e Ciência Política; MBA em inteligência artificial; e empreendedor apoiado pela Fundação Lemann — e por Priscilla Auler (bacharel e licenciada em Psicologia, doutora em análise do comportamento e XBA pela SBE Executive Education), o Redação Online apoia crianças, adolescentes e adultos no desenvolvimento de habilidades de escrita por meio da plataforma digital fundamentada em inteligência artificial e machine learning.

A empresa oferece pacotes para correção de redação nos modelos B2C — no qual vende diretamente para alunos aplicantes de vestibulares nacionais (ENEM e FUVEST), de concursos públicos e de universidades de medicina. No modelo B2B2C, comercializa a solução para escolas e universidades, que, por sua vez, aplicam a ferramenta para aperfeiçoamento de alunos na produção de redação e no conhecimento de Língua Portuguesa ou na correção da redação de exames de admissão da instituição.

Alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) #4 (Educação de Qualidade) e #10 (Redução das Desigualdades), a edtech conta com uma equipe de 14 colaboradores. Referência em educação, atua alinhada ao objetivo de reduzir o analfabetismo funcional do país — melhorando as habilidades de escrita, compreensão e leitura do público jovem.

Desde sua fundação, o negócio já impactou mais de 390 mil alunos, sendo aproximadamente 93 mil de escolas públicas (23% do total). Em 2023, a empresa foi certificada pelo Sistema B.

:: ESTANTE MÁGICA ::
Rio de Janeiro (RJ)

Fundada em 2009 por Robson Melo (graduação e mestrado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro,) e Pedro Concy (graduado em Direito na Universidade Federal Fluminense; especialização em Empreendedorismo e Inovação na Stanford University), a Estante Mágica acredita na educação como chave para transformar o mundo e oferece novas formas de estimular a criatividade e a autonomia das crianças, tornando-as protagonistas de suas histórias.

Por meio de parcerias com escolas públicas e privadas, a empresa aplica o projeto educacional voltado a desenvolver a escrita de crianças, que escrevem e ilustram o próprio livro com direito a evento de autógrafos ao final do projeto.

Desde sua fundação, 2,5 milhões de crianças de mais de sete mil escolas em três mil cidades brasileiras já escreveram os próprios livros por meio do projeto da Estante Mágica. O negócio — que endereça os ODS #4 (Educação de Qualidade) e #16 (Paz, Justiça e Instituições Fortes) oferece ferramentas para auxiliar escolas e professores no incentivo à leitura e escrita.

:: PORTAL TELEMEDICINA ::
Barueri (SP)

Fundada em 2013, a Portal Telemedicina nasceu a partir da vontade dos cofundadores de realizar uma mudança real e significativa na saúde brasileira. A Portal Telemedicina é uma healthtech Software as a Service (SaaS) que oferece uma plataforma integrada de laudos e teleconsultas a clínicas, médicos, hospitais públicos e privados, operadores de saúde e unidades básicas de saúde pública.

Fundamentada em modelos de inteligência artificial e em uma base de dados de milhões de exames, a plataforma integra prontuários e equipamentos médicos, transferindo dados de forma segura para que médicos especialistas possam prover diagnósticos e teleconsultas a distância em poucos minutos.

Com atuação em todos os Estados brasileiros e em Angola, o negócio atende mais de 2.300 empresas, consistindo em mais de 30 mil unidades de saúde distribuídas em 904 cidades — cobrindo todos os Estados brasileiros –, e possui uma base de 10 mil médicos que utilizam sua tecnologia, tendo já realizado a emissão de três milhões de laudos. A empresa está alinhada aos ODS #3 (Boa Saúde e Bem-Estar) e #10 (Redução das Desigualdades).

:: MEUCHAPA ::
Campinas (SP)

Fundada em 2019 por João Biarari (graduado em Administração de Empresas, MBA em Marketing e Administração e curso de tecnologia em Harvard) e Guilherme Fernandes (graduado em Comunicação Social, pós-graduado em Comunicação Corporativa, MBA em Gestão Econômica e Estratégia e curso de inovação em Berkeley), a logtech MeuChapa atua com o objetivo de reduzir a ociosidade, a informalidade e as ineficiências das operações de carga e descarga — além de proporcionar aumento de produtividade e formalização para embarcadores e ofertar fluxos contínuos de trabalhos/aumento de renda para os chapas (profissionais autônomos que oferecem serviços de carga e descarga de caminhões, sendo profissionais em vulnerabilidade social, dada as condições precárias de trabalho, comumente ficam à beira de estradas aguardando oportunidades de tarefas, a falta de vínculo trabalhista e a baixa previsibilidade de renda).

Pelo aplicativo baseado em inteligência artificial, MeuChapa atua conectando as duas pontas: os chapas cadastrados, que ofertam a mão de obra, e as empresas que necessitam de apoio para carga e descarga dentro de sua operação logística. Esse encontro acontece de maneira digitalizada — descomplicando um trabalho que anteriormente era acordado apenas de forma presencial e informal.

O negócio já conectou mais de um milhão destas tarefas, possui mais de 200 clientes corporativos em 22 Estados brasileiros e possui uma base de quase 50 mil chapas. Alinhado aos ODS #1 (Erradicação da Pobreza) e #8 (Emprego Digno e Crescimento Econômico), o negócio atua com objetivo de reduzir o desemprego e aumentar a formalização dos chapas de caminhão com a possibilidade de fornecer uma recorrência de trabalho e renda para esses profissionais em situação de vulnerabilidade social. Entre os principais impactados estão os chapas, os motoristas autônomos e as empresas que necessitam do serviço.

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