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América Latina oferece oportunidades para negócios de impacto social em saúde

Postado em 15 março 2018

Quando o assunto é inovação em saúde, o foco dos empreendedores são os cuidados primários. É isso o que mostra um estudo realizado pela Innovations in Healthcare, uma organização sem fins lucrativos fundada pela Duke Medicine, McKinsey & Company e pelo Fórum Econômico Mundial, de outubro de 2014 a julho de 2015, que incluiu estudo de 153 empreendimentos, entrevistas com especialistas e visitas de campo a empresas no Brasil, na Colômbia e no México.

Planejamento familiar e saúde reprodutiva, seguidos por cuidados com HIV/Aids, saúde materna e infantil e cuidados secundários e terciários completam a lista. Das soluções pesquisadas, 63% focam a população geral, 29% miram a população feminina e 25% se dedicam à população de 13 a 24 anos de idade.

Os resultados foram apresentados por Logan Couce, da Innovations in Healthcare, durante o evento Ecossistema de Saúde de Alto Impacto Social no Brasil, realizado pela ARTEMISIA, pelo Instituto Sabin e pelo ANDE ( Aspen Network of Development Entrepreneurs), no dia 15 de outubro no coworking Cubo, em São Paulo.

Logan Couce

O estudo mostra que existe um vácuo no financiamento de iniciativas em saúde, o que gera oportunidade para criar modelos alternativos. O levantamento também indicou que, em comparação com outras regiões, os governos da América Latina têm um importante papel na oferta de serviços de saúde especialmente para populações de baixa e média renda e que, apesar da existência de parcerias público-privadas, elas enfrentam múltiplos desafios, como os processos e burocracia ou demora para pagamento do governo.

PÚBLICO E PRIVADO

No Brasil, sinaliza Januário Montone, sócio-diretor da Inova Saúde, há um “sistema público de saúde sem igual no mundo” e um “sistema privado muito forte”. Apesar disso, para 40% da população, segundo ele, a área continua sendo avaliada como o maior problema do país em 2014. “O próprio setor privado, que passava incólume, começou a receber críticas muito fortes”, destaca.

Para atender 194 milhões de pessoas, o SUS (Sistema Único de Saúde) tem 5.585 gestores. “No setor público, o que martiriza o gestor é o tempo entre a decisão e a ação. A modelagem do sistema é tão complexa que, às vezes, entre tomar uma decisão e ela entrar em vigor, o tempo foi tão grande que ela se tornou contraproducente.”

Na área publica, esclarece Montone, o cidadão circula nas três esferas de governo. “A consulta é do município, a média complexidade é do Estado e, às vezes, federal, dependendo do lugar. O usuário não faz ideia de quem cuida dele.” “É preciso oferecer um atendimento mais rápido, estudar o setor e compreender onde criar”.

 

OPORTUNIDADES

De acordo com Vivianne Naigeborin, da Potencia Ventures, há diversas oportunidades para negócios de impacto social no Brasil. Um estudo realizado pela organização em 2012 mostra que existem espaços em acesso à informação, automação, consultoria de custos e gestão hospitalar, eHealth e mHealth, exames diagnósticos, cuidados pessoais e gerenciamento de crônicos, acesso às consultas médicas/saúde bucal, telemedicina e telediagnósticos, atendimento domiciliar, medicamentos, procedimentos médico-hospitalares, transportes e serviços de emergência e saneamento.

“É um mercado pouco explorado, dado o baixo poder aquisitivo até anos recentes. A regulação, inexistente ou desatualizada, retém o desenvolvimento de segmentos importantes como microsseguros e telemedicina”, sinaliza Vivianne. “Em relação a exames, o governo tem interesse em desenvolver kits diagnósticos para doenças negligenciadas, como as tropicais. Existe interesse de população por exames de baixo custo”.

Para ela, dentro das oportunidades, é preciso dar atenção ao saneamento básico e encará-lo como saúde. “Ele hoje é um dos maiores vetores de mortalidade infantil e de doenças da infância. Não pode ser olhado só como habitação ou infraestrutura.”

 

Este conteúdo foi apresentado no evento “Ecossistema de Saúde de Alto Impacto Social no Brasil’, realizado em outubro de 2015 pela ARTEMISIA, Instituto Sabin e ANDE