A startup de impacto— que foi destaque do programa Lab Habitação e, com isso, passou pelo processo de pós-aceleração conduzido pela Artemisia — registrou um aumento de 78% no faturamento de nano e pequenos empreendedores usuários da ferramenta.
Com mais de 25 milhões de trabalhadores por conta própria, que geram mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) — de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae, respectivamente –, o Brasil precisa responder ao desafio de apoiar a transformação digital dos pequenos empreendedores, incluindo os mais de 11 milhões de microempreendedores individuais (MEI), dos quais quase 25% ganham até dois salários mínimos e cujo 30% dos negócios morrem em até cinco anos.
Para apoiar esse contingente de profissionais, a startup Agenda Boa desenvolveu uma ferramenta de gestão que auxilia na organização do negócio, gestão do relacionamento com o cliente e redução do risco de fechamento. Entre os resultados mais promissores, a empresa aponta que, após o processo de pós-aceleração conduzido pela Artemisia, registrou um aumento de 44% no faturamento gerado pelos usuários, em comparação com o ano anterior. Esse é um dos indicadores que comprova o impacto social da solução e a efetividade do processo de pós-aceleração da Artemisia. Nos últimos 18 meses, o impacto da ferramenta resultou no aumento de 78% no faturamento de nano e pequenos empreendedores que usam a solução.
Criada em 2017 por Hans Page e Christoph Friedrich, a startup de impacto tem como missão desenvolver a melhor tecnologia para valorizar os autônomos, MEI e os pequenos negócios do Brasil. A ferramenta — que já soma mais de um milhão de downloads — facilita a gestão do negócio de forma simples e prática, tendo por objetivo profissionalizar pequenos negócios para que passem mais credibilidade para os clientes, maior renda, mais estabilidade e maior controle das finanças. Com isso, esperam contribuir na qualidade de vida e autoestima desses trabalhadores, que muitas vezes sofrem com baixa eficiência em seus negócios, renda instável, imprevisível e insuficiente.
Por meio da Agenda Boa, autônomos, MEI e pequenos empreendedores de todos os segmentos podem organizar atendimento de clientes e pedidos, compromissos, orçamentos, recibos, documentos, ordens de serviços e controlar as próprias finanças. A solução é usada, especialmente, por negócios do ramo da construção, beleza e estética, assistência técnica, confeitaria, manutenção, pintura, eventos, veículos e elétrica.
Segundo os empreendedores, o processo de pós-aceleração da Artemisia — organização pioneira no Brasil no apoio a negócios de impacto — resultou à Agenda Boa um crescimento de 73% em downloads da ferramenta, 15% de aumento na taxa de conversão de usuários (do plano free para a versão paga) e 40% no faturamento da startup, comparando-se o período de apoio da organização com o período anterior (janeiro a maio de 2022 versus o mesmo período em 2021).
Os resultados estão associados ao trabalho de apoio individualizado conduzido pela equipe da Artemisia. “No início do processo, foi identificada a necessidade de fazer a solução da Agenda Boa chegar a mais profissionais, reduzindo o custo de aquisição de novos usuários. Para isso, foi definido o objetivo de crescimento que passava pela necessidade de revisão do posicionamento de marca e da comunicação com o público-alvo. Esse foi o ponto de partida para estruturarmos uma estratégia de marketing ao negócio, contando com o apoio de mentoras especialistas no tema.
Diferente dos programas de aceleração tradicionais, o que praticamos com a Agenda Boa na pós-aceleração foi um acompanhamento mais individualizado, visando a superar gargalos específicos no modelo de negócio. Fizemos questão que nossas sugestões no programa fossem realmente relevantes na trajetória dos negócios de impacto”, comenta Luciano Gurgel, diretor-executivo da Artemisia. O executivo ainda complementa que a organização está caminhando para oferecer apoio completo à jornada de quem empreende para gerar impacto positivo no país.
“Estamos avançando em pontos importantes sobre as formas de apoio aos empreendedores, para sermos o ‘one stop shop’ dos negócios de impacto no Brasil. E o caso da Agenda Boa mostra como podemos contribuir, com efetividade, para amplificar o impacto positivo de uma solução empreendedora. O entendimento profundo do desafio do negócio e o suporte correto faz parte desse processo”.
“A oportunidade de participar do processo de aceleração do programa Lab Habitação, da Artemisia, nos trouxe mentorias excelentes que geraram insights muito importantes para escalar o negócio. E o processo posterior, de pós-aceleração, nos trouxe conhecimento robusto e novas perspectivas para aprofundarmos o impacto social gerado pela Agenda Boa”, afirma Hans Page, cofundador do negócio, acrescentando que a visão de futuro é escalar o negócio em termos de números de pessoas impactadas. “A meta é crescermos de três a cinco vezes. Agora que criamos a base nos últimos meses, estamos preparados para esse crescimento rápido”, salienta.
Em uma análise complementar, a startup observou o aumento de faturamento dos pequenos empreendedores em mais de 78% após 18 meses de uso da ferramenta. Isso representa uma contribuição efetiva para reduzir a desigualdade social e mudar a percepção da sociedade brasileira sobre o valor do trabalho desses cidadãos.
Hoje, a Agenda Boa oferece três tipos de planos diferentes — um para cada fase do negócio. Na modalidade gratuita, há funcionalidades que auxiliam o empreendedor no suporte inicial para organizar o fluxo diário, como cadastro de clientes, pedidos, agenda e fluxo de entradas e saídas. Os planos Pro (R$ 24,90 por mês) e Top (R$ 49,90 por mês) incluem funcionalidades adicionais, como criação de ordem de serviços e orçamentos personalizados, pedidos com fotos, documentos de garantia, relatórios financeiros específicos, entre outros.
A ferramenta já possui mais de um milhão de downloads e impacta diariamente milhares de empreendedores que movimentam mais de 4 milhões de pedidos salvos no app — que produzem R$120 milhões mensais em faturamento.
Boas histórias da Agenda Boa
A jornada empreendedora da Agenda Boa é pontuada por histórias de pessoas que decidiram criar um negócio como resposta à escassez de oportunidades. Uma delas é a Elaine Azevedo, que sempre teve a costura como sua paixão. Ela começou fazendo pequenos ajustes em roupas para conhecidos e, quando se deu conta, estava abrindo um ateliê com um amigo na cidade de Tijucas do Sul, no Paraná. Foi com a chegada da pandemia que Elaine decidiu tocar o negócio por conta própria em um ateliê em sua casa; os clientes foram surgindo aos poucos, principalmente por indicação. Hoje, três anos depois, o negócio está firme e forte.
A Agenda Boa ajudou a empreendedora a lançar um novo olhar pro negócio; com o apoio, ela passou a emitir os orçamentos pela ferramenta e percebeu que havia a opção de incluir um sinal ao fechar um pedido. Com isso, mudou a forma de cobrar os clientes — e esse detalhe fez a diferença: os orçamentos valorizaram o serviço de Elaine e, com a cobrança do sinal, ela evitou as perdas geradas por clientes que não iam buscar as roupas e não pagavam pelos serviços.
Outro cliente do aplicativo é Juliano Barbosa, que sempre se interessou pela área eletrônica. Fez formação técnica no segmento e trabalhou em uma empresa do ramo de energia por 16 anos. Quando saiu do emprego, com conhecimento e experiência, começou a fazer reparos por conta própria. Com o tempo, o número de clientes foi aumentando e, para facilitar a organização das demandas, buscou uma ferramenta que o pudesse ajudar e encontrou a Agenda Boa.
A empresa cresceu e passou a ter uma sala própria e hoje conta com a ajuda de dois funcionários. Para Juliano, começar o próprio negócio com a Agenda Boa foi muito importante, pois ajudou a agregar valor ao seu empreendimento: os orçamentos que gera com a ferramenta possibilitam uma boa apresentação para o cliente, passando credibilidade e confiança.
Teoria da Mudança
Com o impacto da pandemia, inovar virou uma condição de sobrevivência para muitos negócios; por mais tradicional que fosse o empreendimento, o contato com os clientes passou a depender de meios digitais. A transição digital era um plano para 35% dos empreendedores brasileiros antes mesmo de a pandemia começar, mas a necessidade do isolamento social acelerou esse processo. Hoje, para muitos, o uso de tecnologias digitais ainda é circunstancial. Viabilizar a inclusão produtiva desses empreendedores também passa pelo apoio para que o uso das tecnologias digitais se torne significativo em termos de produtividade.
Na análise do economista Luciano Gurgel, diretor-executivo da Artemisia, é importante compreender que, na prática, aqueles que empreendem por necessidade enfrentam uma série de desafios; a missão de digitalizar processos é um deles. “As dificuldades passam por falta de letramento digital, infraestrutura, recursos e equipe. Diminuir o ‘gap’ de acesso a tecnologias é urgente diante das transformações relacionadas ao futuro do trabalho”, defende Gurgel, acrescentando que negócios de impacto social como a Agenda Boa têm um papel muito relevante nesse processo de dar suporte aos empreendedores de base.
“Por isso, a Artemisia também apoiou a Agenda Boa no processo de desenvolvimento da Teoria da Mudança do Negócio”, afirma. A Teoria da Mudança é um framework que responde de forma objetiva o que, para quem e para que uma iniciativa de impacto é desenvolvida, permitindo uma visualização do encadeamento lógico de resultados que levam ao impacto pretendido. “No caso da Agenda Boa, demos o suporte para o desenvolvimento da Teoria da Mudança do Negócio, que tem como impacto almejado a redução da desigualdade social e a transformação cultural em relação à valorização do pequeno empreendedor”, finaliza o economista.