A pandemia consolidou uma visão pragmática de que a saúde é um setor estruturante para o Brasil, portanto, é necessário apoiar uma nova geração de empreendedores com o potencial de impactar positivamente a vida de milhares de cidadãos de todas as faixas etárias. A produção de conhecimento — que comprove essa urgência em dar suporte ao empreendedorismo de impacto social focado no setor — é um dos pontos relevantes para trazer visibilidade à alta demanda por soluções inovadoras.
Durante o programa BNDES Garagem — Negócios de Impacto, as equipes do BNDES e do consórcio AWL (formado por Artemisia, Wayra Brasil e Liga Ventures) desenvolveram mapeamentos para identificar alguns dos problemas sociais mais críticos do País e as potenciais soluções dentro do contexto de cidades sustentáveis, educação, govtech, saúde e sustentabilidade. Teses e mapeamentos setoriais formam a base deste estudo, além de escutas com especialistas.
Neste artigo, às vésperas do Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril, gostaria de compartilhar as principais conclusões do levantamento da temática à luz de um crescimento contínuo de inovações tecnológicas trazidas pelas healthtechs. Acredito que são aprendizados relevantes para empreendedores e empreendedoras que queiram promover efetivamente, por meio das suas empresas, impactos positivos no País.
Antes de destacar as oportunidades, saliento que as soluções mais promissoras em saúde pública são aquelas acessíveis à toda a população, especialmente as que se encontram em situação de vulnerabilidade econômica; elas devem ser voltadas, também, a diferentes tipos de doenças — sobretudo às Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), arboviroses e à covid-19 –; e voltadas para idosos, mulheres, gestantes e primeira infância.
Na análise das oportunidades para os empreendedores de impacto social, o mapeamento aponta sete das principais soluções de produtos e serviços demandados.
1. Promoção à Saúde e Prevenção de Doenças
Negócios que tenham um olhar claro para a medicina preventiva, com soluções que sejam capazes de focar na promoção da saúde e prevenção dos mais variados tipos de doenças de maneira acessível à toda a população, melhorando o bem-estar físico e mental da população — e diminuindo os altos custos de tratamento de enfermidades de alta complexidade pelo sistema de saúde.
2. Diagnósticos rápidos, seguros e acessíveis
Negócios com soluções inovadoras que possibilitem diagnósticos de diferentes tipos de doença de forma rápida, segura e acessível para toda a população, a fim de evitar o desenvolvimento de enfermidades de alta complexidade, facilitar as taxas de sucesso dos tratamentos e reduzir custos.
3. Novos tratamentos
Negócios com soluções que ofereçam novos tipos de tratamentos acessíveis para doenças de baixo, médio ou alto nível de complexidade por meio de soluções como medicamentos, vacinas, equipamentos vestíveis ou não e cirurgias, por exemplo; e soluções que facilitem o acesso da população aos variados tipos de tratamentos existentes.
4. Monitoramento e acompanhamento da saúde
Negócios com soluções que possam oferecer maneiras eficientes, simples e acessíveis de monitoramento digital da saúde e ajudar na adesão aos tratamentos de diferentes públicos, a fim de oferecer maior autonomia da saúde para os pacientes e um melhor gerenciamento sobre a condição de saúde de cada um dos profissionais.
5. Gestão do relacionamento entre pacientes e profissionais e/ou instituições de saúde
Negócios que ofereçam soluções que facilitem o relacionamento com o paciente durante toda a jornada dele em todos os níveis de complexidade da saúde — desde agendamento, triagem, atendimento pelos profissionais por meio de diferentes protocolos, tratamentos e resolutividade até a gestão e integralidade dos dados e das informações que um paciente gera durante a sua trajetória na saúde.
6. Gestão administrativa, financeira e de pessoas da saúde
Negócios que ofereçam soluções de gestão acessíveis para diferentes tipos de instituições de saúde (UBS, UPA, hospitais, clínicas) e para os diversos processos internos que existem, como gestão de profissionais e outros colaboradores, gestão financeira para a melhor utilização de recursos, menos desperdícios e fraudes, gestão de estoque de medicamentos, insumos e equipamentos, entre outros.
7. Gestão eficiente e transparente de dados da saúde
Negócios que tenham soluções que utilizem inteligência artificial, big data, data analytics, predictive analytics e outros, que ajudem pacientes, profissionais e, em especial, gestores a gerarem informações relevantes através de dados e tomarem decisões mais assertivas e estratégicas dentro do setor da saúde para diversos fins, desde gestão interna, políticas públicas e outros.
Para finalizar, aponto que é notório o enorme potencial que os negócios inovadores têm de qualificar a oferta dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, entretanto, o País precisa de novos arranjos para que as soluções conquistem escala e cheguem à população em situação de vulnerabilidade social e econômica; impactem positivamente os territórios com soluções viáveis.
Para tal, temos que criar mecanismos para alavancar a inovação no setor público, utilizando do potencial do ecossistema empreendedor e dos mecanismos de compras públicas. Há um longo caminho a percorrer neste sentido, e, quanto antes começarmos a trilhá-lo, melhor será para a nação.
- Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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