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Apoiar empreendedores fortalece caminhos possíveis da inclusão produtiva

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O Brasil ficou mais pobre na última década. Um levantamento da consultoria Tendências mostrou que, em 2012, os domicílios que integravam as classes D e E representavam 48,7% do total; em 2022, passaram a ser 51%. Hoje, o País possui 37,7 milhões de residências que têm renda mensal de até R$ 2,8 mil. A piora da mobilidade social ilustra um retrocesso significativo, no qual a crise sanitária contribuiu para o agravamento da desigualdade social. Mas não apenas ela.

Com uma renda bastante volátil, a informalidade — muito presente neste estrato social — acentuou essa precariedade no cotidiano. A falta de oportunidades de emprego e geração de renda está criando um contexto ainda mais complexo, especialmente porque a exclusão na nossa nação é uma questão estrutural, que limita as possibilidades de resolver, em curto e médio prazos, os desafios. Nossa herança histórica permanece pesando e desfavorecendo negros e mulheres, que são justamente a maioria da população.

Hoje, pensar no empreendedorismo — inclusive no de impacto socioambiental — não é defender uma solução mágica, uma alternativa que envolve a precarização do trabalho ou uma forma de colocar em cima dos ombros da população vulnerável a responsabilidade de ascender economicamente se tornando um empreendedor. A questão é enxergar essa alternativa como um elemento a ser considerado para uma nova trajetória de desenvolvimento econômico do País. Óbvio que com um olhar crítico e apurado, profundamente conectado com a escuta ativa e empática da população.

Tenho abordado, nos meus artigos recentes e nas palestras, o conceito de inclusão produtiva — que é a inserção de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica no mundo do trabalho, diminuindo a sua exclusão social e aumentando a produtividade. Acredito que essa causa tem potencial para refletirmos sobre ela e discutirmos caminhos para vencermos, como sociedade, os obstáculos marcados por contextos surreais.

A taxa de subutilização da força de trabalho no Brasil é de 25%, ou seja, 28,3 milhões de pessoas; temos 13,4 milhões de brasileiros e brasileiras em busca de emprego — desses, 4,9 milhões, após busca e frustração, desistiram de procurar; e 7,2 milhões estão sublocados, trabalhando menos horas do que gostariam. Essa parcela é formada, em sua maioria, de jovens mulheres, com idade entre 18 e 24 anos, com baixa escolaridade.

O estudo produzido pela Fundação Arymax — O Futuro da Inclusão Produtiva no Brasil: da emergência social aos caminhos pós-pandemia — mostra que o empreendedorismo por necessidade é a saída que muitos cidadãos encontram para gerar renda em momentos de crise, entretanto, esses empreendimentos são frágeis e carecem de habilidades de negócios que esses empreendedores ainda não dominam para serem bem-sucedidos.

A recomendação para que os programas de apoio (conduzidos por governos e organizações da sociedade civil) sejam efetivos, de acordo com o estudo, passa por três âmbitos de ação que focam no empreendedor, no negócio e no ambiente em que se insere. A análise sobre os tipos de ações possíveis para apoiar os empreendedores urbanos aponta para caminhos possíveis para a inclusão produtiva, dos quais destaco três.

1. Fortalecimento dos empreendedores: passa por oferecer capacitações em habilidades socioemocionais e em gerenciamento de negócios e projetos, além de promover a identificação e o encontro em empreendedores.

2. Aumento da produtividade: refinar mecanismos de apoio a pequenos negócios, com atenção ao apoio financeiro, capacitação, desenvolvimento da capacidade técnica e assessorias de diferentes tipos. Aqui, também cabe a criação de programas para que os pequenos negócios possam ser repensados para o novo contexto pós-pandemia, dando atenção à digitalização e ao letramento digital do empreendedor.

3. Criação de ambiente para o desenvolvimento dos pequenos negócios: fomentar a criação de associações de prestadores de serviços gerais e produtores do meio urbano.

Em uma nova oportunidade, vou destacar quais são os mercados potenciais para esses empreendedores, especialmente no âmbito da economia do cuidado, da economia prateada e das novas tecnologias.

Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.

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