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Complementar, qualificar e oferecer acesso à oferta de saúde pública são temas urgentes no Brasil. Com a pandemia da Covid-19, ficou ainda mais evidente a necessidade de trazer soluções inovadoras para o setor, especialmente na atenção primária — porta de acesso da população nos cuidados à saúde.
Uma coalizão firmada entre as organizações que são referência nos respectivos setores de atuação, incluindo a Artemisia, parte do profundo conhecimento das necessidades e dores dos atores envolvidos — gestores públicos, empreendedores de impacto social e população brasileira — para atuar na potencialização dos ativos necessários para avançarmos em direção à melhoria da qualidade da saúde pública.
Hoje, temos uma maior clareza sobre a necessidade de inovar e acelerar as transformações na saúde pública do Brasil. A Atenção Primária à Saúde (APS), por exemplo, é o acesso da população aos cuidados iniciais, sendo responsável por suprir de 80% a 90% das necessidades de atendimento médico de um indivíduo ao longo da vida, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS-Brasil). Em síntese, isso ocorre por possuir uma oferta abrangente de serviços que vão da promoção básica de saúde e prevenção ao monitoramento de doenças crônicas e cuidados paliativos.
Por conhecer a população ao redor das unidades, tornou-se o nível que apresenta maior rapidez na resposta às mudanças econômicas, tecnológicas e demográficas que podem impactar no bem-estar das pessoas. É eficaz tanto ao lidar com causas e riscos à saúde quanto em responder aos desafios emergentes que podem ameaçar o futuro da população. Portanto, a APS exige soluções inovadoras que podem ser oferecidas pelos empreendedores e pelas empreendedoras de impacto social.
Elenco, abaixo, as principais oportunidades para o desenvolvimento dos negócios de impacto com foco na saúde:
1. Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças: soluções que possam promover conteúdos educativos e informativos sobre saúde, a adoção de um estilo de vida saudável e/ou incentivar o tratamento e a prevenção de doenças comuns, como obesidade, tabagismo e outras DCNT.
2. Diagnóstico Precoce: tecnologias que auxiliem no diagnóstico dos pacientes, de maneira mais rápida, barata e efetiva; soluções que possam sensibilizar e educar para o autoexame não excluindo a necessidade de acompanhamento profissional; e ferramentas que permitam a realização de avaliação preliminar via telediagnóstico.
3. Suporte à Saúde: soluções que permitam o acompanhamento e monitoramento do paciente a distância por meios digitais; e tecnologias que estimulem a realização apropriada do tratamento.
4. Gestão da Rotina de Trabalho: soluções que facilitem a rotina das equipes da APS, auxiliando no aumento da produtividade, nos cuidados com a saúde mental, na gestão das consultas e na melhoria na gestão de conhecimento; soluções que apoiem o gestor na liderança das equipes, dos espaços e projetos.
5. Gestão de Dados e Geração de Informação para Tomada de Decisão: soluções que auxiliem na coleta, no tratamento e na utilização dos dados da APS para predições epidemiológicas, realização de mapeamentos diversos, rastreabilidade da jornada/satisfação dos pacientes e promoção da otimização da gestão financeira.
6. Linhas de Treinamentos dos Profissionais: soluções inovadoras de treinamento, que possam entregar conteúdos de maneira rápida e eficiente; tecnologias que apoiem novos profissionais, permitindo a troca de conhecimento e o aprimoramento da execução dos protocolos.
Por último, reforço que, em um futuro muito próximo, teremos um problema enorme para resolver que está associado à falta de cuidados preventivos de várias doenças. Ou seja, teremos um gap gigantesco no atendimento a enfermidades cujos tratamentos foram negligenciados durante a pandemia — e esse cenário demandará soluções desenvolvidas por negócios de impacto social, sobretudo voltadas à qualificação dos profissionais da saúde. Haverá um mercado enorme e com muitas oportunidades para que os empreendedores sociais colaborem com a melhoria do atendimento da saúde pública.
Maure Pessanha é empreendedora e presidente do Conselho da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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