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Tendência global, a demanda pela transformação digital de governos tem gerado oportunidades consistentes para as govtechs. De acordo com levantamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), o setor representa a aplicação eficiente de soluções tecnológicas inovadoras voltadas a serviços de interesse público. Na prática, um empreendedorismo que pode impactar positivamente as políticas públicas e possibilitar melhorias efetivas e de larga abrangência para a população — sobretudo, a em situação de vulnerabilidade econômica.
O Brasil, de acordo com pesquisa conduzida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é uma das 20 nações com melhor oferta de serviços públicos digitais e ocupa a 16ª posição no ranking de governo digital da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Embora esteja em estágios iniciais, o setor de govtech no País apresenta alta velocidade de desenvolvimento.
Um levantamento realizado pelo Consórcio AWL (formado por Artemisia, Wayra e Liga Ventures) para o programa BNDES Garagem — Negócios de Impacto elencou as três principais oportunidades para as govtechs no cenário brasileiro.
Serviços para o atendimento ao cidadão
Essa oportunidade se aplica a negócios com soluções focadas em servir o cidadão em frentes como o acesso à informação rápida, de qualidade e integral; prestação de serviços essenciais para os cidadãos em todas as esferas (federal, estadual e municipal) — que visem à diminuição das burocracias e dos esforços de deslocamento, documentação e tempo –; acesso aos diferentes tipos de serviços do governo por meio de diversos canais (omnichannel); possibilidade de participação da população no desenvolvimento e/ou na manutenção de políticas públicas, nos mapeamentos, no levantamento de dados e outros; e diminuição das desigualdades de acesso à internet e a tecnologias pelos cidadãos que hoje não são digitalizados; entre outras soluções com foco no cidadão.
Gestão e processos públicos eficientes e desburocratizados
Os negócios que abarcam essa oportunidade são os que desenvolvem soluções que oferecem uma digitalização dos processos e da gestão interna dos vários níveis de governo, possibilitando uma melhor eficiência — fazendo com que funcionários e gestores realizem serviços mais estratégicos e não manuais –; redução de gastos, com o aumento de produtividade nas atividades dos funcionários e gestores; desburocratização dos processos internos, com o fim da utilização de papéis e documentos físicos; integração dos processos de vários setores do governo dentro dos diferentes níveis de poder, para uma maior interoperabilidade nos processos e na gestão; entre outras soluções com foco na gestão e nos processos públicos.
Aplicação eficiente, segurança e transparência dos dados públicos
Nessa oportunidade, o destaque recai para negócios com soluções que ofereçam melhores formas de originação, manutenção e utilização dos milhares de dados processados pelo governo todos os dias, por meio de tecnologias como inteligência artificial, big data, análises preditivas e blockchain e que promovam uma melhor geração de
informações e tomadas de decisões mais assertivas por meio de dados.
Também se enquadram nessa oportunidade empreendimentos que geram melhorias na infraestrutura tecnológica, possibilitando o armazenamento dos dados gerados na nuvem; soluções que visem à confiabilidade de dados, por meio da inclusão deles nos princípios e nas regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e que forneçam uma melhor segurança de dados, evitando vazamentos, exclusões e outros; tecnologias que permitam uma abertura segura de dados para a população e uma maior transparência deles em todos os setores e níveis governamentais; entre outras soluções com foco em dados públicos.
Programas de aceleração têm aberto espaço para govtechs. Um dos exemplos é a iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que recentemente lançou o programa BNDES Garagem. Com o foco de impulsionar empreendedores e empreendedoras que queiram contribuir para a resolução de desafios sociais ou ambientais, o programa vai selecionar 45 negócios de setores como Educação, Saúde, Sustentabilidade, Govtech e Cidades Sustentáveis. As inscrições podem ser feitas até 5 de agosto pelo site: garagem.bndes.gov.br.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
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