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O mapeamento Empreendedorismo Negro no Brasil, conduzido em 2019 pela PretaHub, J.P. Morgan e Plano CDE, investigou as características e os desafios dos afroempreendedores do País. Entre os 1.220 entrevistados, 19% se autodeclaram pretos e 81% pardos; do total de participantes, 52% são mulheres; e a maioria tem até 40 anos (mais de 67%). A pesquisa apresenta três segmentações: os que empreendem por necessidade, por vocação e os engajados.
Dos que empreendem por necessidade, 46% relataram que passaram a empreender pela falta de oportunidades no mercado de trabalho. Para 51% dos que empreendem por vocação, abrir um negócio sempre foi um sonho. Entre os empreendedores engajados — que se autodenominam afroempreendedores — além do desejo de empreender, soma-se o exercício de uma atividade autoafirmativa voltada ao público afro. Sobre os produtos e serviços criados, destaco os dos segmentos de tecnologia, moda, meio ambiente e educação que nascem com o propósito de gerar impacto positivo.
O empreendedorismo negro pautado pelo impacto social tem um viés inovador e propositivo. Na moda, cito exemplos como a Boutique de Krioula e a WeUse. Ambas trazem a proposta de lançar um novo olhar para a indústria da moda — que durante muitos anos ignorou a estética afro e que se tornou a segunda maior poluidora do mundo, ficando atrás, apenas, da indústria do petróleo.
De acordo com o mapeamento A voz e a vez: diversidade no mercado de consumo e empreendedorismo — do Instituto Locomotiva em parceria com a Feira Preta — 114,8 milhões de negros vivem no Brasil, um contingente de pessoas ávidas por produtos e serviços inovadores, propostos por empreendedores que entendem suas demandas. A maioria (81%) gosta de produtos que melhorem sua autoestima; e 67% preferem marcas e empresas com valores parecidos com os seus.
Dados que corroboram com a importância de negócios como a Boutique de Krioula. Criada em 2012 por Michelle Fernandes, este e-commerce de acessórios afro-brasileiros busca resgatar a identidade e autoestima da população negra.
O negócio tem por missão valorizar a cultura afro-brasileira, elevar a autoestima da população negra, levando essa moda para todos os apaixonados por cores e desenhos. Com belas peças, empresa coloca como protagonista a maior parte da população brasileira, sobretudo as mulheres, que não se sentem representadas pelas grandes marcas. Uma potência feminina negra, Michelle começou a empreender por necessidade, no bairro do Capão Redondo, em São Paulo. Hoje, ela e sócio — Célio Campos, diretor de arte da grife — trabalham com itens como turbantes feitos de tecidos importados de diferentes regiões da África.
A WeUse, liderada pelos irmãos Humberto e Carlos Alberto Silva, busca reinventar a forma como as pessoas consomem roupas, visando incentivar uma postura mais sustentável e consciente. Funciona como um guarda-roupa virtual de consumo compartilhado, que conta com dois planos de assinatura mensal, nas modalidades 12 e 16 peças diferentes, que são enviadas para a casa do assinante.
A proposta é levar disrupção a um mercado tradicional, oferecendo um modelo de consumo mais inclusivo, que emerge da periferia de Itaquera, na zona leste de São Paulo, para ganhar o mundo. Quando as roupas completam o ciclo de uso, a empresa dá um destino de impacto socioambiental: seja via doação, seja transformando-as em novas peças. Em uma parceria com Gerando Falcões, os empreendedores estão revertendo o faturamento de junho e julho para a compra de cestas básicas.
Na área de educação financeira, destaco a Barkus Educacional. Fundado por Bia Santos e Marden Rodrigues em 2016, o negócio de impacto foca no público jovem com o propósito de democratizar o acesso a conhecimentos de finanças pessoais. Na prática, busca desenvolver competências socioemocionais ligadas às finanças, por entender o comportamental que permeia a relação com o dinheiro.
Com metodologias próprias, atua por meio de dois produtos: o Atlas, que busca desenvolver competências e dar acesso à educação financeira para quem ainda não entrou no mercado de trabalho (crianças e adolescentes); e o Libertas, curso personalizado para grupos e empresas que trabalha diferentes temas relacionados a empreendedorismo e educação financeira, como controle de gastos, uso de crédito consciente e introdução a investimentos (renda fixa e variável).
A representatividade nos produtos e serviços somada a iguais oportunidades de potencialização para os empreendedores negros são urgentes. Como disseminado pela PretaHub — hub de criatividade, inventividade e tendências pretas, idealizada pela potente Adriana Barbosa — é preciso pensar a relação com a cultura, a economia e o empreendedorismo pretos, entendendo seus papéis fundamentais na mudança estrutural de uma sociedade e de um mercado que precisam absorver esta população não apenas em seus processos de consumo, mas no respeito à existência enquanto potência criativa e empreendedora.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
Você é empreendedor(a) de um negócio que gera impacto positivo?
Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
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O mapeamento Empreendedorismo Negro no Brasil, conduzido em 2019 pela PretaHub, J.P. Morgan e Plano CDE, investigou as características e os desafios dos afroempreendedores do País. Entre os 1.220 entrevistados, 19% se autodeclaram pretos e 81% pardos; do total de participantes, 52% são mulheres; e a maioria tem até 40 anos (mais de 67%). A pesquisa apresenta três segmentações: os que empreendem por necessidade, por vocação e os engajados.
Dos que empreendem por necessidade, 46% relataram que passaram a empreender pela falta de oportunidades no mercado de trabalho. Para 51% dos que empreendem por vocação, abrir um negócio sempre foi um sonho. Entre os empreendedores engajados — que se autodenominam afroempreendedores — além do desejo de empreender, soma-se o exercício de uma atividade autoafirmativa voltada ao público afro. Sobre os produtos e serviços criados, destaco os dos segmentos de tecnologia, moda, meio ambiente e educação que nascem com o propósito de gerar impacto positivo.
O empreendedorismo negro pautado pelo impacto social tem um viés inovador e propositivo. Na moda, cito exemplos como a Boutique de Krioula e a WeUse. Ambas trazem a proposta de lançar um novo olhar para a indústria da moda — que durante muitos anos ignorou a estética afro e que se tornou a segunda maior poluidora do mundo, ficando atrás, apenas, da indústria do petróleo.
De acordo com o mapeamento A voz e a vez: diversidade no mercado de consumo e empreendedorismo — do Instituto Locomotiva em parceria com a Feira Preta — 114,8 milhões de negros vivem no Brasil, um contingente de pessoas ávidas por produtos e serviços inovadores, propostos por empreendedores que entendem suas demandas. A maioria (81%) gosta de produtos que melhorem sua autoestima; e 67% preferem marcas e empresas com valores parecidos com os seus.
Dados que corroboram com a importância de negócios como a Boutique de Krioula. Criada em 2012 por Michelle Fernandes, este e-commerce de acessórios afro-brasileiros busca resgatar a identidade e autoestima da população negra.
O negócio tem por missão valorizar a cultura afro-brasileira, elevar a autoestima da população negra, levando essa moda para todos os apaixonados por cores e desenhos. Com belas peças, empresa coloca como protagonista a maior parte da população brasileira, sobretudo as mulheres, que não se sentem representadas pelas grandes marcas. Uma potência feminina negra, Michelle começou a empreender por necessidade, no bairro do Capão Redondo, em São Paulo. Hoje, ela e sócio — Célio Campos, diretor de arte da grife — trabalham com itens como turbantes feitos de tecidos importados de diferentes regiões da África.
A WeUse, liderada pelos irmãos Humberto e Carlos Alberto Silva, busca reinventar a forma como as pessoas consomem roupas, visando incentivar uma postura mais sustentável e consciente. Funciona como um guarda-roupa virtual de consumo compartilhado, que conta com dois planos de assinatura mensal, nas modalidades 12 e 16 peças diferentes, que são enviadas para a casa do assinante.
A proposta é levar disrupção a um mercado tradicional, oferecendo um modelo de consumo mais inclusivo, que emerge da periferia de Itaquera, na zona leste de São Paulo, para ganhar o mundo. Quando as roupas completam o ciclo de uso, a empresa dá um destino de impacto socioambiental: seja via doação, seja transformando-as em novas peças. Em uma parceria com Gerando Falcões, os empreendedores estão revertendo o faturamento de junho e julho para a compra de cestas básicas.
Na área de educação financeira, destaco a Barkus Educacional. Fundado por Bia Santos e Marden Rodrigues em 2016, o negócio de impacto foca no público jovem com o propósito de democratizar o acesso a conhecimentos de finanças pessoais. Na prática, busca desenvolver competências socioemocionais ligadas às finanças, por entender o comportamental que permeia a relação com o dinheiro.
Com metodologias próprias, atua por meio de dois produtos: o Atlas, que busca desenvolver competências e dar acesso à educação financeira para quem ainda não entrou no mercado de trabalho (crianças e adolescentes); e o Libertas, curso personalizado para grupos e empresas que trabalha diferentes temas relacionados a empreendedorismo e educação financeira, como controle de gastos, uso de crédito consciente e introdução a investimentos (renda fixa e variável).
A representatividade nos produtos e serviços somada a iguais oportunidades de potencialização para os empreendedores negros são urgentes. Como disseminado pela PretaHub — hub de criatividade, inventividade e tendências pretas, idealizada pela potente Adriana Barbosa — é preciso pensar a relação com a cultura, a economia e o empreendedorismo pretos, entendendo seus papéis fundamentais na mudança estrutural de uma sociedade e de um mercado que precisam absorver esta população não apenas em seus processos de consumo, mas no respeito à existência enquanto potência criativa e empreendedora.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
Você é empreendedor(a) de um negócio que gera impacto positivo?
Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
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