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“Não deixar ninguém para trás significa não deixar ninguém offline”, defende António Guterres. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) enxerga a tecnologia da informação como um “farol de esperança” para vários setores, entre eles, a educação. Em tempos de incertezas sobre um futuro pós-pandemia do novo coronavírus, de todos os insights que tenho analisado, aqueles que inserem o repensar educacional no centro de um processo de transformação social são os que mais fazem sentido para mim. Tendo como premissa o uso da tecnologia como ferramenta de inclusão.
Acredito que esteja claro que não devemos voltar, como sociedade, ao falso normal de antes. E, para isso, é imperativo repensar a forma de educar crianças, jovens e adultos — em especial, porque há fortes evidências de que a educação é um dos principais fatores de contribuição para a mobilidade social de um indivíduo em relação aos pais.
A inovação educacional foi apontada pelo Fórum Econômico Mundial como uma das três principais mudanças que veremos no setor da educação nos próximos anos, em um cenário pós-pandemia. Essa perspectiva é muito significativa, sobretudo por estarmos falando de um campo essencialmente conservador. E os ares da mudança, aqui no País, têm a colaboração também de edtechs de impacto social.
De acordo com o Mapeamento Edtech 2019: investigação sobre as startups de tecnologia educacional no Brasil, o mercado está em plena expansão: há 449 empresas ativas no País, sendo que 70% delas oferecem soluções para o ensino básico (infantil, fundamental e médio).
Entre os destaques trazidos pelo levantamento, há startups que oferecem ferramentas, em especial, de conteúdo e apoio à gestão escolar. Como exemplos de empresas nesse setor que buscam gerar impacto positivo, posso destacar Agenda Edu, Dataeduc e Geekie.
A Agenda Edu — negócio de impacto social de educação com viés tecnológico — auxilia escolas a estreitar laços e manter o relacionamento com as famílias e os alunos. A proposta é substituir a tradicional agenda de papel por uma ferramenta capaz de transformar as jornadas educacionais, investindo na comunicação escolar efetiva. Na prática, o aplicativo (disponível em Android e IOS) conecta e fortalece laços, organizando o dia a dia da escola: todas as informações da rotina do aluno em um único lugar.
Em tempos de aulas online, para a base de clientes, o negócio está disponibilizando conteúdo qualificado no blog Jornada Edu; para os não clientes, o empreendedor Anderson Morais oferta uma versão gratuita da plataforma até 31 de julho. Nessa versão, há funcionalidades como mensagens, comunicados, atividades e eventos. Essa é uma forma de colaborar para que as escolas mantenham o diálogo e engajamento com alunos e responsáveis, mesmo à distância. A proposta é resultado da reflexão de que a união entre família e escola é a chave para transformar a educação.
A Dataeduc desenvolve soluções para a gestão da educação — hospedadas em nuvem –, que contribuem para aumentar a eficiência e a interação no cotidiano educacional. A empresa fundada por Rodrigo Faria permite aos alunos, pais, professores, diretores e gestores escolares acompanharem as atividades diárias; hoje, são mais de três mil escolas atendidas, mais de 1 milhão de provas corrigidas por ano, e mais de 10 sistemas de ensino como parceiros.
No período de aulas remotas, a edtech liberou as licenças gratuitamente para escolas dos ensinos fundamental e médio. Entre os recursos oferecidos, está a aula online — na qual o professor ministra o conteúdo e pode usar a ferramenta para tirar dúvidas dos alunos e passar tarefas. A plataforma permite, ainda, o compartilhamento de câmera, o uso de lousa online para anotações e explicações adicionais, e a gravação das aulas para serem disponibilizadas posteriormente.
A Geekie, fundada por Claudio Sassaki e Eduardo Bontempo, tem atuado com o Geekie One — uma nova dinâmica pedagógica e educacional que reúne material didático multiplataforma, tecnologia com intencionalidade pedagógica e consultoria na jornada de inovação de cada escola. Adotado por mais de 200 escolas brasileiras, a solução contribui para a aprendizagem de mais de 60 mil estudantes.
A solução foi desenvolvida para contemplar o conteúdo didático completo; o suporte digital permite navegação, hiperatualização e linguagens adequadas aos estudantes do novo milênio com páginas, vídeos, hashtags, gifs, relatórios de desempenho e organizador de atividades entre as estratégias ampliadas pela tecnologia.
Com a perspectiva da corresponsabilidade na aprendizagem de alunos e alunas, o Geekie One também disponibiliza às escolas parceiras o envio de relatórios de atividades de cada aluno e aluna para seus pais. O acompanhamento via plataforma, possibilita que pais e responsáveis se aproximem do desenvolvimento da criança e do adolescente.
Acredito que a inovação educacional, tendo por alicerce o uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica, pode nos ajudar a projetar um sistema capaz de combater a exclusão social e contribuir para consertar o ‘elevador quebrado’ da mobilidade social no país.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
Pensando nos desafios que os(as) empreendedores(as) enfrentam para mensurar o impacto de suas soluções, nós da Artemisia nos juntamos à Agenda Brasil do Futuro e à Move Social para lançar o Guia Prático de Avaliação para Negócios de Impacto Social, disponível para download gratuito AQUI.
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