[:pt]✓ Destinado a empreendedores de impacto social com soluções inovadoras para alguns dos grandes desafios relacionados à Educação e Empregabilidade – com potencial de impactar positivamente a população em situação de vulnerabilidade econômica – o Artemisia Lab Educação e Empregabilidade apontou como destaques do programa os negócios Embala, Resilia e PrograMaria. Realizada pela Artemisia com apoio da Potencia Ventures e da Fundação ARYMAX, o programa avaliou mais de 400 iniciativas; cada um dos três destaques receberá um capital-semente no valor de R$ 20 mil.
Os empreendedores Alexandre Cerqueira, Jeferson Dias e Rafael Velez (Embala); Bruno Cani e Laura Barros (Resilia); e Iana Chan e Mariana Pezarini (PrograMaria) são destaques da primeira edição do Artemisia Lab Educação e Empregabilidade. Desenvolvido para apoiar uma nova geração de empreendedores de impacto, o programa selecionou negócios com soluções que apresentam potencial de gerar impacto positivo nos temas, com foco no público mais vulneráveis e de menor renda. Gratuita, a iniciativa – que contou com o apoio da Potencia Ventures e da Fundação ARYMAX – selecionou 20 negócios em estágio inicial para uma jornada de cinco semanas, composta por workshops presenciais e encontros online, baseados na metodologia exclusiva de aceleração de curto prazo da Artemisia. Os três destaques receberão um capital-semente no valor de R$ 20 mil.
Fundado por Alexandre Cerqueira, Jeferson Dias e Rafael Velez, o Embala conecta universitários, recém-formados e artistas periféricos a alunos de escolas públicas e moradores de favelas do Rio de Janeiro. O negócio de impacto social oferece a esses estudantes reforço escolar nas disciplinas Matemática e Língua Portuguesa, tendo por foco o desenvolvimento de competências técnicas de educação, alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e atividades extracurriculares com objetivo de desenvolver competências cognitivas e socioemocionais. O impacto social da solução está na oferta de reforço educacional e cultural para preencher gaps de aprendizado que são mais latentes entre os alunos da rede pública de ensino. Ao mesmo tempo, oferece oportunidade profissional para universitários e recém-formados. A empresa conta com 12 professores que atendem aproximadamente 100 alunos em duas escolas. O trabalho é desenvolvido com apoio da arte, cultura e hip-hop.
No Resilia, os empreendedores Bruno Cani e Laura Barros oferecem formação destinada a desenvolver profissionais para o mercado de tecnologia, conectando-os com processos seletivos de empresas parceiras. O pagamento do curso só ocorre quando o profissional estiver empregado. O curso é presencial, ministrado ao longo de seis meses e com 400 horas de duração. Além da oferta de capacitação e da conexão com vagas de emprego no setor, o impacto social do negócio está relacionado a redução da barreira financeira para qualificação dos profissionais – um modelo inovador de pagamento, que abre possibilidades às pessoas de baixa renda terem uma formação em tecnologia.
Liderada por Iana Chan e Mariana Pezarini, em São Paulo, a PrograMaria atua com a missão de empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia e da programação. O negócio de impacto social oferece cursos que combinam teórica com prática, conectando as estudantes com o mercado de trabalho. O impacto social do negócio está diretamente associado à inserção de mulheres no mercado de tecnologia e na geração de renda por meio dos empregos; aumento da diversidade dentro das empresas contratantes; e aumento de representatividade feminina em cargos de tecnologia da informação. Atualmente, o negócio já formou mais de 100 mulheres.
Cenário Nacional
No Brasil, a falta de acesso a uma educação de qualidade tem perpetuado a condição de pobreza em diferentes gerações, que afeta o pleno desenvolvimento e qualidade de vida de uma grande parcela da população. Entre as pessoas mais vulneráveis economicamente, a enorme probabilidade de os filhos frequentarem escolas de baixa qualidade limita as futuras opções de trabalho; aos jovens das classes sociais menos favorecidas, legamos os empregos com baixa remuneração. O estudo O elevador social está quebrado? Como promover a mobilidade social, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que seriam necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro – que integre o grupo dos 10% mais pobres do país – cheguem ao nível médio de rendimento do país.
Dados compilados em 2017 pela organização Todos pela Educação revelam que 2,46 milhões de crianças e jovens, com idade entre 4 a 17 anos, estão fora da escola. No país, 52% da população não tem diploma do ensino médio e somente 17% dos jovens adultos com idade entre 24 e 34 anos atingem o ensino superior, segundo relatório da OCDE de 2018. Essa organização aponta, ainda, que os estudantes brasileiros estão entre os mais ansiosos e inseguros do mundo; a falta de habilidades socioemocionais – resiliência e relacionamento interpessoal, por exemplo – tem efeitos negativos na renda e no desempenho profissional. Esse dano não é compensado pelas habilidades cognitivas. Nesse cenário que demanda mudanças urgentes, a Artemisia reuniu educação e empregabilidade, temáticas complementares e que devem ser vistas de maneira integrada, em um programa de curto prazo para aceleração de negócios de impacto social.
Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, educação e empregabilidade são temas complementares em uma perspectiva do desenvolvimento de pessoas que tenham maior repertório e estejam mais aptas para o mercado de trabalho atual e futuro. A falta de acesso à educação de qualidade e alinhada às novas demandas é um dos grandes desafios contemporâneos. Sem iguais oportunidades de educação não é possível competir de forma justa por empregos promissores. Em paralelo, o desemprego – em épocas de instabilidade econômica – afeta, majoritariamente os brasileiros com menor nível de escolaridade. “Do outro lado, vemos despontar um novo mercado de trabalho com o surgimento de vagas alinhadas às novas tecnologias, que demandam profissionais com diferentes habilidades. Tais capacitações ainda não são acessíveis para população de baixa renda e para grupos vulneráveis, gerando um mercado de trabalho pouco inclusivo e diverso”, afirma Maure. A executiva defende ser preciso quebrar o atual ciclo intergeracional da pobreza, que se estabelece pela falta de educação e que leva a piores oportunidades de empregos.
Frente ao cenário desafiador, Maure acredita ser preciso apoiar negócios inovadores que se apresentam como um caminho para complementar o acesso, qualificar a educação – em diferentes fases da vida – e dar iguais oportunidades de trabalho digno a todos. Sobre as 20 empresas que participaram do processo de aceleração, a executiva destaca a grande diversidade de temáticas selecionadas para o programa. “Selecionamos e apoiamos empresas com soluções focadas desde a primeira infância, competências do século 21 e educação tecnológica até soluções de apoio a iniciação profissional e ampliação de oportunidades profissionais para pessoas em situação de vulnerabilidade econômica.
Maure conta que, ao longo do processo, os empreendedores foram estimulados a realizar validações e direcionar ações guiados por evidências. “Para isso, levantaram hipóteses e foram a campo em busca de validações importantes para a sustentabilidade do negócio”, comenta a executiva. O programa contou, ainda, com mentorias de especialistas nos setores e exposição de diferentes ferramentas com foco no apoio para o rápido crescimento dos negócio. Os participantes tiveram, também, acesso a conteúdos sobre impacto social, um dos grandes diferenciais do programa de aceleração da organização.
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