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O sonho de contribuir para que os brasileiros e brasileiras possam viver com dignidade e poder de escolha passa — na percepção da Artemisia — pelo apoio a novas iniciativas empreendedoras no setor de habitação. Acredito que ao converter uma casa insalubre em um ambiente seguro, digno, confortável, saudável e acolhedor estamos acendendo uma faísca de transformação. A forte crença de que essa mudança tem a potência necessária para impactar positivamente a vida de pessoas, famílias e da sociedade tem norteado o empreendedorismo de iniciativas como Arquitetos da Vila, Revolusolar e Se vira, mulher!
O negócio de impacto social Arquitetos da Vila, por exemplo, atua para combater o problema da inadequação de moradias. Na prática, a empresa de Belo Horizonte realiza reformas com qualidade, preço acessível, possibilidade de financiamento e prazo adequado — a um custo médio de R$ 7 mil, com parcelas de R$ 300 a R$ 600. Fundado por Wanda Reis e Lucas Vasconcelos, a iniciativa responde à enorme demanda que temos no Brasil por reformas habitacionais e assistência técnica a baixo custo. O que vemos no País é que a maioria das construções e reformas são feitas sem o apoio de um profissional especializado e planejamento; esse procedimento pode resultar em moradias de baixa qualidade e problemas à saúde dos moradores — por questões como umidade e falta de ventilação.
Um outro ponto relevante é que as reformas realizadas via autoconstrução são mais demoradas e tendem a ser mais caras por conta das compras fracionadas do material, que muitas vezes, é usado de forma incorreta, gerando insegurança e desperdício. Ou seja, por não ter acesso a um apoio profissional para as reformas, muitas pessoas em comunidades acabam pagando mais, ao final do processo. O que chamamos de “o ônus da pobreza”.
Uma outra questão muito pertinente para a melhoria da qualidade das habitações da população de menor renda é a inclusão feminina nesse processo. No país, 30,6% das mulheres realizam tarefas de pequenos reparos em casa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que muitas assumem as tarefas de manutenção, reforma e construção sem o conhecimento necessário para realizar um trabalho seguro. Na construção civil, elas representam 10% dos profissionais, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. Em contrapartida, 40,5% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. E muitas se sentem inseguras para receber um profissional do sexo masculino nas residências; há uma demanda por autonomia para realizar sozinhas pequenos reparos e reformas.
Nesse cenário, as empreendedoras Thaís Nobre e Edna Braga criaram um negócio que foca na capacitação feminina para atividades da construção civil. O Se Vira, Mulher! apresenta uma solução baseada em minicursos para o público feminino — como marcenaria, elétrica, hidráulica, jardinagem, pintura e papel de parece, revestimentos de parede e piso, e mecânica automotiva –, com conteúdos básicos, técnicos e práticos de reforma e manutenção. Desenhado para oferecer uma experiência acolhedora e de segurança, a empresa desperta a autoconfiança e empodera suas alunas. A escola funciona em São Paulo, com diversos cursos e atende a população feminina em situação de vulnerabilidade econômica com vagas subsidiadas por meio de parcerias com empresas e organizações.
Importante ressaltar que esse negócio está associado à demanda por capacitação e oportunidades para profissionais da construção civil. A necessidade de ampliar a qualificação para o trabalhador da construção civil é latente. Os profissionais do setor têm um histórico de baixo nível educacional e atuam de maneira informal, costumando ter um rendimento financeiro menor que os trabalhadores formalizados. Com a qualificação, esse ciclo começa a ser rompido.
Por último, destaco a demanda por iniciativas focadas no acesso e na eficiência de serviços básicos da moradia. Fundada por Eduardo Avila e Juan Cuervo, a Revolusolar promove o desenvolvimento sustentável nas comunidades fluminenses por meio de instalações de energia solar, capacitação profissional de instaladores e atividades educativas. Assim, busca democratizar o acesso a energias limpas, estimulando bons hábitos de consumo de energia e apoiando a economia local.
A força desses empreendedores está em enxergar que moradias afastadas dos centros estão privadas de parte dos serviços básicos de infraestrutura como água, esgoto, coleta de lixo e energia elétrica. Avila e Cuervo sabem que é preciso considerar alternativas que levem em conta a sustentabilidade ambiental e viabilidade financeira das pessoas em situação de vulnerabilidade econômica, porque a habitação representa, hoje, a maior despesa de consumo familiar — sendo que uma parcela considerável dos gastos está atrelada a taxas desses serviços.
Os três negócios que trago aqui nessa semana foram destaques do Lab Habitação: Inovação e Moradia. Em sua segunda edição, o programa de aceleração de curto prazo potencializou a atuação de empreendedores responsáveis por 14 soluções inovadoras no setor de habitação — iniciativa que avaliou mais de 490 negócios do setor e contou com a aliança estratégica da Artemisia, Gerdau, Instituto Vedacit, Tigre, Votorantim Cimentos, CAIXA e CAU/BR.
Maure Pessanha é empreendedora e diretora-executiva da Artemisia. Texto publicado originalmente no Blog do Empreendedor — Estadão PME.
Você tem interesse em saber mais sobre #habitação e #impactosocial ou pensa em empreender no setor?
Confira na íntegra a Tese de Impacto Social em Habitação, análise setorial realizada pela Artemisia ao lado da Gerdau — em parceria com o Instituto Vedacit, Tigre, Votorantim Cimentos e apoio da CAIXA e CAU/BR. Conheça os principais desafios que a população em situação de vulnerabilidade econômica no Brasil enfrenta no tema e quais as oportunidades para negócios de impacto social trazerem melhorias às vidas de muitos brasileiros e brasileiras. Faça o download gratuito AQUI.
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