É recente, porém inegável, o crescimento dos chamados negócios de impacto social (ou negócios sociais). De um lado, esse sucesso está impulsionando a demanda por indivíduos talentosos e qualificados para ajudar empresas nascentes a crescer; de outro, também aumenta a oferta de pessoas que querem ter lucro e propósito e estão dispostas a abrir mão de uma carreira estável – e até mais rentável.
Segundo um estudo da Graduate School of Business de Stanford, 90% dos alunos de MBA estão dispostos a sacrificar benefícios financeiros para trabalhar em uma empresa que demonstre um forte compromisso com o bem social, ou seja, que tenha uma ética positiva e boa reputação na comunidade.
Mas, apesar desse contexto aparentemente ideal, encontrar pessoas talentosas que possuem a combinação certa de tino comercial e compromisso com a causa é um desafio até para as empresas mais promissoras.
Um dos principais aspectos a considerar ao contratar pessoas é qual é o mindset, a mentalidade de quem está entrando para o time. Isso significa que o empreendedor, ao recrutar, precisa olhar além das competências que apenas atendem aos objetivos de negócios já estabelecidos. É preciso avaliar se o novo “recruta” entende a cultura da empresa e se pode se encaixar nela.
Nesse sentido, o empreendedor também tem que ter uma mentalidade híbrida para olhar aquele candidato. Fazer a transição de uma organização comercial para um negócio social – onde o trabalho é, frequentemente, baseado em pessoas – requer não apenas um determinado conjunto de habilidades, mas também uma forma diferente de pensar, de resolver problemas. E isso vale tanto para o empreendedor como para o candidato.
GESTÃO DE TALENTOS
Depois da contratação, é importante não descuidar da gestão de talentos. Não é segredo que esse quesito está no coração de uma organização produtiva, e é tão importante para o sucesso de um negócio de impacto social quanto para o de uma grande empresa.
No coração de cada negócio de impacto social está sua missão, e isso muitas vezes é o principal motivador dos funcionários. Motivação e engajamento são os combustíveis para alcançar metas ambiciosas, portanto incorporar uma cultura de apoio e incentivo garante que os funcionários trabalhem em conjunto para obter um efeito completo.
Isso é extremamente relevante se pensarmos que a maioria dos negócios de impacto social possui equipes extremamente competentes, mas, na maioria das vezes, muito jovens. São pessoas brilhantes, que têm muitas responsabilidades, mas naturalmente carecem da resiliência emocional necessária para lidar com pressão e responsabilidades acumuladas. Por isso é fundamental criar uma cultura de apoio e incentivo para que as equipes possam enfrentar os desafios estabelecidos no prazo sem comprometer a saúde física e emocional de todos.
E, finalmente, uma das melhores ferramentas de seleção e retenção de talentos é o diálogo, a conversa do empreendedor com sua equipe. Abraçar a arte do engajamento pela conversa é vital para recrutar e manter os melhores talentos. A partir de uma breve discussão, pode-se aprender muito sobre um candidato ou um talento, incluindo sua aptidão para a função, o que impulsiona sua busca por resultados, quais são suas motivações e se ele se encaixa na cultura da organização.
É muito importante que os empreendedores não deleguem totalmente a gestão de suas equipes e tenham disciplina para dialogar e compartilhar ideias e dificuldades com seu time – principalmente com as pessoas altamente talentosas, e de todos os níveis hierárquicos. Além de garantir que o fluxo de comunicação funcione (algo fundamental em uma startup, que muda o tempo todo), é isto que muitas vezes faz um funcionário dar aquele “gás a mais”: ver o quanto ele também está participando da construção efetiva de uma empresa. Melhor ainda, não de uma corporação tradicional, mas de uma organização que melhora o mundo. E isso pode fazer toda a diferença.
Artigo Publicado na Revista PEGN